domingo, 14 de junho de 2020

Filme: Milagre na Cela 7




O filme turco da Netflix, Milagre na Cela 7, é um remake do original sul coreano com o mesmo nome. “Separado de sua filha por ser acusado de um crime que não cometeu, um homem com deficiência intelectual precisa provar sua inocência ao ser preso pela morte da filha de um comandante. Ele passa a contar com a ajuda de seus companheiros de cela e de quem também está do outro lado das grades”. No elenco temos Aras Bulut İynemli como Memo, Nisa Sofiya Aksongur como Ova, Deniz Baysal como professora Mine, İlker aksum como Askorozlu.



A análise é feita pelo neuropsicólogo Leandro

 

“Lingo Lingo”

 

O filme o Milagre na Cela 7, disponível pelo stream Netflix, se tornou um sucesso. Mesmo após meses de lançamento, quem vê se emociona. Afinal, como não se emocionar pelo amor puro de um pai pela sua filha? Como não se emocionar com o amor puro de uma filha pelo pai? Tudo isso também se refere ao fato de Memo, personagem do pai de Ova, ser especial. Tudo indica que Memo tem algum Déficit Cognitivo, seria um funcionamento cognitivo abaixo do esperado para sua idade. A avó de Memo fala a sua bisneta que o pai “é como uma criança no corpo de um adulto. Ova, é como se ele tivesse a sua idade”, Memo não possui a consciência de questões comuns a um adulto, como se preocupar com emprego, política, economia, ele se preocupa em fazer sua filha feliz, em se divertir com ela, fazê-la estudar. Com a ajuda da avó, Memo a cria da sua maneira, da melhor maneira que pode.

Isso é reconhecido por todos que moram em sua aldeia, ninguém o trata de forma especial ou rebaixando seu intelecto, o tratam como igual, um direito que todos devem ter.

Durante um evento do governo no local, ele se distrai com algumas crianças ao chamar sua filha para almoçar, ele acaba brincando com uma criança (a filha de um militar de alta patente), porém ao chegar perto das rochas ele a orienta a voltar “é perigoso aqui”, mas a menina não dá ouvido, cai e morre. Memo é acusado de homicídio e vai preso.

Na cadeia, os prisioneiros inicialmente o tratam com desprezo, afinal ele “matou uma criança”, mas descobrem que não foi isso e se divertem com ele, compreendem suas limitações e que ele é inocente.

Não falarei mais sobre o filme, pois isso que escrevi vocês podem ver no trailer do filme ou em qualquer sinopse mais detalhada. Vou me ater agora a condição de Memo, o Déficit Cognitivo, ou Deficiência Intelectual.

A deficiência intelectual, comumente conhecida como DI, é classificada como Leve, Moderada e Grave. Ele é classificada através de uma bateria de testes da Avaliação Neuropsicológica ou Multidisciplinar ou Interdisciplinar, juntamente com a avaliação do neurologista.

A avaliação neuropsicológica/multi ou interdisciplinar irá guiar o avaliado e a familiar dele a buscar o melhor tratamento para ele. Não é criar rótulo, mas sim criar uma rede de trabalho para ajudar o avaliado a melhor em suas questões, fazendo o possível para adaptá-lo a rotina do dia a dia.

O paciente que foi diagnosticado como DI, pode buscar ajuda psicológica, neuropsicológica (uma reabilitação neuropsicológica, mais precisamente), fonoaudiológica e de um terapeuta ocupacional ou psicomotricista. Os profissionais dessas áreas, ao trabalharem juntos, poderão fazer muito pela pessoa, mas tudo vai depender também da aceitação da família nesse diagnóstico.

Nenhum diagnóstico que saia um pouco do “normal da sociedade” é fácil de se receber e aceitar, mas é preciso para que tudo que possa ser feito a pessoa diagnosticada seja feito em sua plenitude.

Você sabia que por lei, o “DI” tem direito a um professor auxiliar na classe, matéria adaptada, tratamento de saúde garantido? Mas para tanto é necessário ter o diagnóstico feito pelo médico, e se um bom relatório do exame neuropsicológico (ou multi/interdisciplinar) para guiar os profissionais da educação e saúde nos potenciais apresentados durante os testes.

Não podemos excluir a pessoa que apresenta esse diagnóstico e deixá-la a “Deus dará”, é necessário que façamos algo por ele e que lutemos por seus direitos, garantidos pela Lei brasileira!

 

Existiu a dúvida sobre a condição da criança ou adulto, procure o médico da sua confiança e pergunte sobre a avaliação neuropsicológica. Esta com vergonha de perguntar ao médico, pode mandar uma mensagem para nós aqui no blog que te orientamos.

 

O quanto antes ela for feita, mais rápido os profissionais poderão ajudar.



Ps: A imagem capturei da internet, não é a capa oficial do filme, afinal ele está disponível oficialmente apenas na Netflix

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Jogo: Celeste (PS4 / Xbox One / PC / Switch)





O jogo Celeste é um jogo de plataforma no qual os jogadores controlam uma garota chamada Madeline enquanto ela sobe em uma montanha chamada Celeste, evitando vários obstáculos mortais. Além de pular e escalar paredes por um período limitado de tempo, Madeline tem a capacidade de realizar um traço no meio do ar nas oitodireções cardeais. Este movimento só pode ser realizado uma vez e deve ser reabastecido, seja aterrissando no chão ou atingindo certos objetos, como cristais (embora o jogador receba uma segunda colisão mais tarde no jogo). Foi desenvolvido pelos canadenses Matt Thorson e Noel Berry. O jogo foi originalmente criado como um protótipo de quatro dias durante uma game Jam, e depois foi expandido para o seu lançamento completo. Celeste foi lançado em Janeiro de 2018 para Microsoft Windows, Nintendo Switch, Playstation 4, Xbox One, Sistema macOS e Linux. O jogo recebeu aclamação da crítica e foi premiado como "Melhor Jogo Independente" e "Jogo Mais Impactante" no The Game Awards 2018, além de ter sido indicado para “Jogo do Ano” e "Melhor Trilha Sonora" nesta mesma premiação.

Análise feita pelo neuropsicólogo Leandro

É um jogo muito bom, pela dificuldade, mecânica, mas também pela história. Nela Madeline quer escalar a montanha Celeste, no começo do jogo/história ela percebe que tem algo estranho na montanha. Essa montanha a faz encontrar com seu próprios pensamentos e desejos. Tanto que em determinado momento ela encontra um espelho e vê seu reflexo, mas em tons de roxo. Ela acha estranho, sai da frente do espelho, mas a imagem fica lá, ou melhor, a imagem saí. Elas tem um desentendimento e a outra, que Madeline chama de Parte de Mim, a persegue e complica a vida dela.

Essa parte de mim é a depressão de Madeline! Sim o jogo aborda o tema da depressão, ansiedade e muitos outros aspectos da vida psicológica, mas vou me ater ao aspecto da depressão que é muito abordado.

Vou agora fazer uma ligação jogo e vida real. A montanha Celeste durante todo o jogo testa a habilidade de Madeline (ou do jogador), existe até uma contagem de mortes no jogo. Essas mortes são todas as vezes que não consegue passar de determinado desafio, todas as vezes que se cai, que se machuca. A montanha Celeste é como a vida de uma pessoa. A pessoa passa por todos os tormentos possíveis durante a vida, muitas vezes cai, se machuca, mas se levanta e segue em frente. E assim como na vida, várias vezes Madeline se pergunta do porquê de tudo aquilo, o porquê escalar, o porquê de viver.

Quantas vezes você já pensou isso? Ou quantas vezes você ouviu de um amigo ou conhecido, ou mesmo paciente, essas mesmas perguntas?

Madeline até tenta desistir, mas ela sabe que essa “parte de mim” vai continuar com ela, então ela tenta tirar isso fora dela. Eliminar, expurgar essa depressão, mas isso só piora a situação. É como se a depressão viesse mais forte.

Já sentiu isso? A depressão vir mais forte depois de tentar expulsar ela?

Pois é, Madeline teve que enfrentar uma “parte de mim” mais forte e poderosa. E graças a ajuda de uma pessoa a parte (podendo ser a velhinha que encontra no começo do jogo ou do amigo que faz durante a escalada) ela compreende, não se pode expulsar isso, faz parte dela, Madeline aprende que a “parte de mim” realmente faz parte dela e é preciso que vivam juntas, em harmonia, para poder escalar essa montanha. Ela compreende que uma depende da outra para poder sobreviver e viver, ou seja, ela depende exclusivamente dela para sobreviver, viver, ser feliz, ser completa.

Hoje em dia muitas pessoas procuram formas de vencer ou de acabar com a depressão, eliminar ela da vida. Isso é impossível, pois todos nós temos momentos de ansiedade, mania e depressão, porém algumas pessoas conseguem controlar melhor suas “partes de mim”, outras compreendem que precisam de ajuda de um psicoterapeuta, ou mesmo de ajuda farmacológica. Buscar ajuda não é uma punição ou a pior parte do seu “jogo da vida”, mas é ser sábio frente a dificuldade.

E você? Já sabe como lidar melhor com essa “parte de mim”? Já procurou seu psicólogo(a)? Já busca ajuda? Você precisa de ajuda?
Se você respondeu que precisa de ajuda, que ainda não buscou, busque ajuda! Temos vários e vários psicólogos(as) espalhados pelo mundo, seja em consultório particular, seja por convênio, seja pelo SUS, seja presencial ou online, busque a sua ajuda!

Só você poderá chegar no topo da Montanha Celeste, mas pode contar com ajuda para escalar!




terça-feira, 14 de abril de 2020

Filme: Capitã Marvel

Capitã Marvel de 2019 é o primeiro filme protagonizado por uma mulher do Universo Cinematográfico da Marvel. Nele Carol Danvers (Brie Larson) é uma ex-agente da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão dos metaformos, e assim vai acabar descobrindo a verdade sobre si, com a ajuda do agente Nick Fury (Samuel L. Jackson) e da gata Goose.


Análise feita pelo neuropsicólogo Leandro

“Por toda a minha vida, eu lutei em desvantagem”

Essa frase me marcou muito quando assisti o filme da Capitã Marvel. Estava na expectativa do primeiro filme solo de uma super heroína! A primeira a ter filme solo (antes mesmo da Viúva Negra). Durante anos assistimos filmes protagonizados, dirigidos e escritos apenas por homens, mas este mudou a prerrogativa. Junto com o filme Pantera Negra, Capitã Marvel quebra barreiras e fronteiras. Não fala apenas sobre uma mulher forte e poderosa, mas vai além disso.

O filme inicia com a personagem principal, vivida pela ganhadora do Oscar Brie Larson, na Capital do Império Kree. Os Kree são uma raça de guerreiros, portanto a primeira coisa que mostra a Vers (como a personagem Carol DanVERS é chamada pelos Kree) é lutando, ou melhor, treinando com seu tutor/chefe/amigo/falsiano Yon-Rogg, interpretado por Jude Law, e leva repreensão atrás de repreensão. Durante todo o “treinamento”, Yon-Rogg repreende Vers por usar seus poderes. Mais tarde, nas últimas cenas deles juntos Yon-Rogg faz a mesma coisa.
Esses comportamentos nos relatam algo que acontece no dia a dia de toda mulher, a repreensão feita pelo homem com medo de perder seu lugar para ela. Sim, esse filme nos mostra muito bem esse ponto de vista! Quantas vezes não vemos ou ouvimos falar sobre mulheres menosprezadas por homens (e por algumas mulheres também) por tentarem sair de “seu lugar”, seja no emprego, casa, sociedade? Quantas vezes a mulher luta para ter sua voz ouvida dentro da sociedade machista que vivemos?
A culpa disso não é do homem ou da mulher, mas do machismo estrutural de nossa sociedade e do homem e da mulher que não luta contra essa estrutura falha e preconceituosa.
Percebam a resiliência desta personagem. Ao longo do filme temos vários flash back da vida de Carol Danvers, ela criança correndo num kart, mais velha jogando beisebol, mais velha nas Forças Armadas, ela pilotando avião. Sempre teve alguém (em sua grande maioria, se não a totalidade, homens) menosprezando ela, seu serviço e superestimando a “masculinidade” de alguns.
Detalhe, o longa se passa no ano de 1995 e até hoje vemos as mesmas cenas acontecerem em várias casa do Brasil e do mundo. Até hoje as mulheres ganham menos que homens, tem estereotipias relacionadas ao histórico social da mulher (ou seja, a famosa frase “lugar de mulher é no fogão e na pia. Quem tem que trabalhar é o homem!”).
Pensa em quantas vezes uma mulher perto de você ou mesmo você já passou por isso? Do porquê das mulheres ganharem menos que os homens? Por terem menos mulheres em posição de chefia? Quantas Ceo’s mulheres temos comparadas aos homens?

Como podemos reestruturar nossa sociedade para que não haja mais tanto preconceito, tanto machismo? A “criatividade é vida”, já dizia Winnicott, e de quanta criatividade a mulher precisa para continuar Viva?

“Vamos ver o que acontece quando estou em igualdade!” Essa é a continuação da frase do começo do texto. Vamos trabalhar para a igualdade acontecer!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

O Mundo Mudou!

Já se passaram mais de 10 anos desde que publicamos aqui pela primeira vez, ficamos quase 6 anos sem escrever por aqui. O "mundo mudou", essa é a primeira frase dita no filme "O Senhor do Anéis: A Sociedade do Anel" e não poderia ser mais atual, afinal o mundo é uma constante mudança, somos mutáveis e isso pode ser muito positivo. Nesses 6 anos em que não escrevemos por aqui, nós dois discutimos sobre vários filmes, livros, peças de teatro, exposições, jogos, programas, porém não colocamos aqui devido vários motivos particulares de cada um. 
Hoje, dia 13 de Abril de 2020, no meio de uma pandemia mundial do COVID-19, venho dizer que voltamos. Não voltamos apenas porque estamos afastados socialmente, mas por conseguirmos conciliar e organizar melhor o tempo, temos alguns materiais prontos e iremos coloca-los aqui neste blog.

Hoje estamos em casa, cada um na sua casa, afastados mas ao mesmo tempo ligados, conectados. A 10 anos atrás a conexão digital já existia, mas não da mesma forma que hoje. Usamos muito mais o celular do que o próprio computador (seja notebook/laptop/desktop), a vídeo chamada está muito melhor do que a de 10 anos atrás, as mensagens são trocadas mais rápidas, a grande acensão do youtube e dos podcasts. Como a tecnologia esta nos ajudando neste contato virtual ao mundo externo! 

E a tecnologia esta nos ajudando no contato ao mundo externo? E quanto ao mundo interno? Podemos realizar uma análise profunda sobre como a tecnologia nos ajuda em tempos de afastamento social e sobre como ela nos ajuda na buscar de nosso interior, nos enfrentamentos do medo, traumas, depressões e ansiedades. Precisamos ter um novo olhar sobre o que temos agora para nos prepararmos para as mudanças do amanhã. E ainda bem que para isso temos os nossos filmes, livros, séries, jogos que nos ajudam a elaborar melhor essas condições de forma lúdica e imersiva. Mudanças no hoje para o preparo do amanhã.

Neste sentindo vamos nos encontrar mais por aqui no blog e também por outros canais, para termos um contato maior e uma troca maior de informações. 

Abraços,

Leandro Carlos de Oliveira
Psicólogo e Neuropsicólogo
CRP 06/104817

Natália Cristiane Macário de Oliveira
Psicóloga, psicopedagoga, psicoterapeuta ABA
CRP 06/92785

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Livro/Filme: A História Sem Fim


Fantasia! Não, não é o programa dos anos 90 do SBT, nem roupas de carnaval, mas sim a terra de Fantasia! Um lugar onde todos os seres fantásticos estão, elfos, gnomos, gigantes comedores de pedras, centauros, índios valentes, uma morte multicor. Enfim, tudo que pode conter num livro de romance-fantasia está em Fantasia, neste lindo e maravilhoso planeta.
É neste lugar que grande parte da estória do filme e livro “A História Sem Fim” se passa. “Grande parte da estória”? Sim, que já viu o filme ou leu o livro sabe que além de Atreiú e cia. limitada temos também o  garotinho Bastian, que está lendo o livro no nosso mundo.
Pra quem não conhece a estória vou conta-la (um pouco):
Bastian é um garotto de dez ou onze anos que entra correndo dentro de uma livraria quando estava fugindo de um grupo de garotos que queria “brincar” com ele (ou seja, o Bastian estava sofrendo bullying) e encontra um livro de capa cor-de-cobre junto do dono da livraria, após uma conversa o dono se retira da sala onde estavam e Bastian rouba o livro e o leva para a escola. Lá ele se esconde no sótão da escola e fica lendo o livro.
O livro conta a estória de Fantasia com seus habitantes, dentre os mais famosos a Imperatriz Criança (ou imperatriz menina, como é dito no filme) e Atreiú, contra o Nada. Como o Nada devasta Fantasia e seus habitantes, mas o único a salvar fantasia (e a Imperatriz que estava morrendo) seria o Herói como dito na seguinte passagem:
“Porém, se o heróis vier, e a todos nós se entregar, nova vida irá nascer. Só depende de ele chegar!” Esse Heróis deveria chegar e dar um novo nome a Imperatriz Criança e assim salvar o reino. Mas o Herói não era  Atreiú, mas o Bastian. Neste momento Bastian (o garoto que está lendo o livro) entra na estória do livro!
É aqui que quem viu o filme e não leu o livro parou. No filme não é contado toda a estória, mas só metade do livro. Bastian entra na estória e vive muitas aventuras lá até regressar para o “nosso mundo” (ou o mundo dele) e assim viver de forma melhor.
Michael Ende foi fantástico ao escrever este livro. Não apenas pela estória, pelos personagens e aventuras, mas por seu profundo conteúdo. Com este livro podemos analisar várias coisas, mas no momento focarei naquilo que mais me interessa: Fantasia! A fantasia como criação, a fantasia como criatividade, como meios para que nós possamos viver.
Vejamos um exemplo: A grande maioria dos brasileiros sofreram com a perda que a seleção brasileira de futebol sofreu da seleção alemã no último dia 08/07/14, a grande esperança dos brasileiros em ganhar a Copa Mundial de Futebol FIFA. Nos enganamos, criamos um novo Brasil durante esta Copa para poder enfrentar o que vivemos todos os dias. Criamos uma seleção que poderia ganhar, mas perdeu. Criamos no mesmo instante várias piadas e postamos nas redes sociais, apenas para enfrentar uma perda.
Fantasiamos, criamos frente ao luto pela única coisa que poderia apaziguar o sofrimento durantes estes dias, o grito de “HEXA CAMPEÃO!”
Foi por isso que Bastian roubou o livro, para fantasiar novamente, para criar novamente frente ao luto por ter perdido a mãe tão inesperadamente. O Nada Criativo começa a tomar conta de Bastian e seu pai, e isso acaba por desestabilizar a sua relação. É como uma frase do livro: "Nada é o vazio que resta"
No livro Bastian passa por muita coisa e finalmente supera este luto. A criatividade frente ao luto. 
Não posso ir além sem dar spoiler sobre o conteúdo do livro, por isso paro por aqui e deixo a pergunta nos ar:
E você, como supera o luto?


O mais cômico desta postagem é analisar o luto através de um livro escrito por um alemão na semana fatídica do 7x1!

Um humilde pedido de desculpas

Olá a todos!

Faz tempo que não nos vemos, aconteceu tanta coisa desde 2012 que nem sei se conseguimos falar (ou escrever), o importante é que nunca esquecemos de vocês e nunca deixamos de elaborar algo para o blog, apenas faltou tempo para postar. Temos muita coisa guardada, não colocarei tudo de uma vez, para não sobrecarregar tanto vocês quanto nós.
Gostaria de lembrar a todos do objetivo deste blog: Analisar as arte! E como cada um de nós observa a arte sob uma ótica diferente, nós temos nossas opiniões sobre as artes, o que não significa que somos donos da verdade. Somos apenas instrumentos facilitadores para que vocês, leitores, possam chegar a conclusões próprias sobre o tema.

Desta forma, gostaria de deixar neste espaço nosso contatos para aqueles que se interessarem em falar mais sobre filmes, livros, quadrinhos, pinturas, esculturas, psicanálise, psicologia e psicoterapia!

Leandro Carlos de Oliveira
CRP: 06/104817

Natália Cristiane Macário de Oliveira
CRP: 06/92785

domingo, 24 de junho de 2012

Filme: Jumanji



Tabuleiro, peças, um mundo fantástico, o nome do jogo: Jumanji! No filme o pequeno Alan Parrish acha um baú onde esta um jogo, ele com sua amiga Sarah começam a jogar, porém eles se surpreendem ao ver que aquilo que saia no jogo acontecia na “vida real” e logo Alan ficou preso no jogo por sua amiga não jogar logo em seguida. 26 anos depois, duas crianças encontram o jogo e adicionam suas peças para jogar até que percebem que eles precisam  dos outros jogadores. Resumindo o filme: muita aventura para crianças! Mas agora eu venho com minha pergunta: Só no Jumanji as coisas acontecem? Não vale dizer Zatura!
Essa aventura acontece sempre que jogamos, o jogo muitas vezes nos oferece uma fuga desta nossa vida real, mas na maioria das vezes nos ajuda a encarar a vida real.
Vamos pensar no prática da ludoterapia. A primeira pratica registrada do método ludoterapico dentro de uma sessão de psicanálise foi feita por Melanie Klein, onde utilizou de sua criatividade para que pudesse criar um vinculo com seu paciente e conseguir trabalhar com suas ansiedades, seus traumas. Com o passar do tempo temos vários outros trabalhos voltados para a ludoterapia.
Dentro do filme vemos o processo do jovem Alan de encarar a realidade, utilizando de suas aventuras dentro de Jumanji e depois no futuro (ou seria tudo parte da imaginação dele e de Sarah?).
Bom, para melhor exemplificar o que quero dizer vou estragar um pouco a estória do filme (caso alguém não tenha visto ainda). No começo do filme, Alan e Sarah são crianças entrando na adolescência e estão começando a aprender a lidar com seus anseios, libidos, traumas, bullying entre outros aspectos particulares de cada um. No final do filme, ele vira dono e presidente da empresa de sapatos de seus pai e se casa com Sarah.
Para poder chegar numa posição de alto nível dentro da empresa ele teve que passar por muitas experiências, enfrentar multidões (ou uma manada de elefantes, zebras, girafas, rinocerontes), entender como lidar com sua sexualidade reprimida (no sótão, onde estão as aranhas e leões), entender melhor o público consumidor de seu produto (a garota mentirosa e o pequeno garoto-macaco) e, acima de tudo, enfrentar o poder daquele que controla a empresa (floresta) do líder (caçador): seu pai Sam Parish (ou o caçador Van Pelt).
De forma a entender melhor sua vida, muitas vezes a criança (e também o adulto) precisa primeiro fazer uma ponte entre seu mundo interior e o mundo exterior. Desta forma, utilizando a fantasia existente nos jogos, ele pode ordenar seus sentimentos contraditórios (do pai amado e bondoso do pai malvado e castrador – pai/caçador), suas perspectivas sobre o mundo, sua sexualidade.
Afinal de contas, todos nós precisamos, ao menos por um momento, de um jogo para poder nos acalmar ou poder entender melhor determinada situação. Um dia precisamos dos carrinhos pequenos e carros maiores para poder entender que crescer é bom, saudável, porém sempre com risco.
Vamos encarar a vida de forma mais prazerosa, que possamos jogar com e como crianças, que possamos entender que com dois simples riscos podemos fazer um guarda-chuva!