quinta-feira, 30 de abril de 2020

Jogo: Celeste (PS4 / Xbox One / PC / Switch)





O jogo Celeste é um jogo de plataforma no qual os jogadores controlam uma garota chamada Madeline enquanto ela sobe em uma montanha chamada Celeste, evitando vários obstáculos mortais. Além de pular e escalar paredes por um período limitado de tempo, Madeline tem a capacidade de realizar um traço no meio do ar nas oitodireções cardeais. Este movimento só pode ser realizado uma vez e deve ser reabastecido, seja aterrissando no chão ou atingindo certos objetos, como cristais (embora o jogador receba uma segunda colisão mais tarde no jogo). Foi desenvolvido pelos canadenses Matt Thorson e Noel Berry. O jogo foi originalmente criado como um protótipo de quatro dias durante uma game Jam, e depois foi expandido para o seu lançamento completo. Celeste foi lançado em Janeiro de 2018 para Microsoft Windows, Nintendo Switch, Playstation 4, Xbox One, Sistema macOS e Linux. O jogo recebeu aclamação da crítica e foi premiado como "Melhor Jogo Independente" e "Jogo Mais Impactante" no The Game Awards 2018, além de ter sido indicado para “Jogo do Ano” e "Melhor Trilha Sonora" nesta mesma premiação.

Análise feita pelo neuropsicólogo Leandro

É um jogo muito bom, pela dificuldade, mecânica, mas também pela história. Nela Madeline quer escalar a montanha Celeste, no começo do jogo/história ela percebe que tem algo estranho na montanha. Essa montanha a faz encontrar com seu próprios pensamentos e desejos. Tanto que em determinado momento ela encontra um espelho e vê seu reflexo, mas em tons de roxo. Ela acha estranho, sai da frente do espelho, mas a imagem fica lá, ou melhor, a imagem saí. Elas tem um desentendimento e a outra, que Madeline chama de Parte de Mim, a persegue e complica a vida dela.

Essa parte de mim é a depressão de Madeline! Sim o jogo aborda o tema da depressão, ansiedade e muitos outros aspectos da vida psicológica, mas vou me ater ao aspecto da depressão que é muito abordado.

Vou agora fazer uma ligação jogo e vida real. A montanha Celeste durante todo o jogo testa a habilidade de Madeline (ou do jogador), existe até uma contagem de mortes no jogo. Essas mortes são todas as vezes que não consegue passar de determinado desafio, todas as vezes que se cai, que se machuca. A montanha Celeste é como a vida de uma pessoa. A pessoa passa por todos os tormentos possíveis durante a vida, muitas vezes cai, se machuca, mas se levanta e segue em frente. E assim como na vida, várias vezes Madeline se pergunta do porquê de tudo aquilo, o porquê escalar, o porquê de viver.

Quantas vezes você já pensou isso? Ou quantas vezes você ouviu de um amigo ou conhecido, ou mesmo paciente, essas mesmas perguntas?

Madeline até tenta desistir, mas ela sabe que essa “parte de mim” vai continuar com ela, então ela tenta tirar isso fora dela. Eliminar, expurgar essa depressão, mas isso só piora a situação. É como se a depressão viesse mais forte.

Já sentiu isso? A depressão vir mais forte depois de tentar expulsar ela?

Pois é, Madeline teve que enfrentar uma “parte de mim” mais forte e poderosa. E graças a ajuda de uma pessoa a parte (podendo ser a velhinha que encontra no começo do jogo ou do amigo que faz durante a escalada) ela compreende, não se pode expulsar isso, faz parte dela, Madeline aprende que a “parte de mim” realmente faz parte dela e é preciso que vivam juntas, em harmonia, para poder escalar essa montanha. Ela compreende que uma depende da outra para poder sobreviver e viver, ou seja, ela depende exclusivamente dela para sobreviver, viver, ser feliz, ser completa.

Hoje em dia muitas pessoas procuram formas de vencer ou de acabar com a depressão, eliminar ela da vida. Isso é impossível, pois todos nós temos momentos de ansiedade, mania e depressão, porém algumas pessoas conseguem controlar melhor suas “partes de mim”, outras compreendem que precisam de ajuda de um psicoterapeuta, ou mesmo de ajuda farmacológica. Buscar ajuda não é uma punição ou a pior parte do seu “jogo da vida”, mas é ser sábio frente a dificuldade.

E você? Já sabe como lidar melhor com essa “parte de mim”? Já procurou seu psicólogo(a)? Já busca ajuda? Você precisa de ajuda?
Se você respondeu que precisa de ajuda, que ainda não buscou, busque ajuda! Temos vários e vários psicólogos(as) espalhados pelo mundo, seja em consultório particular, seja por convênio, seja pelo SUS, seja presencial ou online, busque a sua ajuda!

Só você poderá chegar no topo da Montanha Celeste, mas pode contar com ajuda para escalar!




terça-feira, 14 de abril de 2020

Filme: Capitã Marvel

Capitã Marvel de 2019 é o primeiro filme protagonizado por uma mulher do Universo Cinematográfico da Marvel. Nele Carol Danvers (Brie Larson) é uma ex-agente da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão dos metaformos, e assim vai acabar descobrindo a verdade sobre si, com a ajuda do agente Nick Fury (Samuel L. Jackson) e da gata Goose.


Análise feita pelo neuropsicólogo Leandro

“Por toda a minha vida, eu lutei em desvantagem”

Essa frase me marcou muito quando assisti o filme da Capitã Marvel. Estava na expectativa do primeiro filme solo de uma super heroína! A primeira a ter filme solo (antes mesmo da Viúva Negra). Durante anos assistimos filmes protagonizados, dirigidos e escritos apenas por homens, mas este mudou a prerrogativa. Junto com o filme Pantera Negra, Capitã Marvel quebra barreiras e fronteiras. Não fala apenas sobre uma mulher forte e poderosa, mas vai além disso.

O filme inicia com a personagem principal, vivida pela ganhadora do Oscar Brie Larson, na Capital do Império Kree. Os Kree são uma raça de guerreiros, portanto a primeira coisa que mostra a Vers (como a personagem Carol DanVERS é chamada pelos Kree) é lutando, ou melhor, treinando com seu tutor/chefe/amigo/falsiano Yon-Rogg, interpretado por Jude Law, e leva repreensão atrás de repreensão. Durante todo o “treinamento”, Yon-Rogg repreende Vers por usar seus poderes. Mais tarde, nas últimas cenas deles juntos Yon-Rogg faz a mesma coisa.
Esses comportamentos nos relatam algo que acontece no dia a dia de toda mulher, a repreensão feita pelo homem com medo de perder seu lugar para ela. Sim, esse filme nos mostra muito bem esse ponto de vista! Quantas vezes não vemos ou ouvimos falar sobre mulheres menosprezadas por homens (e por algumas mulheres também) por tentarem sair de “seu lugar”, seja no emprego, casa, sociedade? Quantas vezes a mulher luta para ter sua voz ouvida dentro da sociedade machista que vivemos?
A culpa disso não é do homem ou da mulher, mas do machismo estrutural de nossa sociedade e do homem e da mulher que não luta contra essa estrutura falha e preconceituosa.
Percebam a resiliência desta personagem. Ao longo do filme temos vários flash back da vida de Carol Danvers, ela criança correndo num kart, mais velha jogando beisebol, mais velha nas Forças Armadas, ela pilotando avião. Sempre teve alguém (em sua grande maioria, se não a totalidade, homens) menosprezando ela, seu serviço e superestimando a “masculinidade” de alguns.
Detalhe, o longa se passa no ano de 1995 e até hoje vemos as mesmas cenas acontecerem em várias casa do Brasil e do mundo. Até hoje as mulheres ganham menos que homens, tem estereotipias relacionadas ao histórico social da mulher (ou seja, a famosa frase “lugar de mulher é no fogão e na pia. Quem tem que trabalhar é o homem!”).
Pensa em quantas vezes uma mulher perto de você ou mesmo você já passou por isso? Do porquê das mulheres ganharem menos que os homens? Por terem menos mulheres em posição de chefia? Quantas Ceo’s mulheres temos comparadas aos homens?

Como podemos reestruturar nossa sociedade para que não haja mais tanto preconceito, tanto machismo? A “criatividade é vida”, já dizia Winnicott, e de quanta criatividade a mulher precisa para continuar Viva?

“Vamos ver o que acontece quando estou em igualdade!” Essa é a continuação da frase do começo do texto. Vamos trabalhar para a igualdade acontecer!

segunda-feira, 13 de abril de 2020

O Mundo Mudou!

Já se passaram mais de 10 anos desde que publicamos aqui pela primeira vez, ficamos quase 6 anos sem escrever por aqui. O "mundo mudou", essa é a primeira frase dita no filme "O Senhor do Anéis: A Sociedade do Anel" e não poderia ser mais atual, afinal o mundo é uma constante mudança, somos mutáveis e isso pode ser muito positivo. Nesses 6 anos em que não escrevemos por aqui, nós dois discutimos sobre vários filmes, livros, peças de teatro, exposições, jogos, programas, porém não colocamos aqui devido vários motivos particulares de cada um. 
Hoje, dia 13 de Abril de 2020, no meio de uma pandemia mundial do COVID-19, venho dizer que voltamos. Não voltamos apenas porque estamos afastados socialmente, mas por conseguirmos conciliar e organizar melhor o tempo, temos alguns materiais prontos e iremos coloca-los aqui neste blog.

Hoje estamos em casa, cada um na sua casa, afastados mas ao mesmo tempo ligados, conectados. A 10 anos atrás a conexão digital já existia, mas não da mesma forma que hoje. Usamos muito mais o celular do que o próprio computador (seja notebook/laptop/desktop), a vídeo chamada está muito melhor do que a de 10 anos atrás, as mensagens são trocadas mais rápidas, a grande acensão do youtube e dos podcasts. Como a tecnologia esta nos ajudando neste contato virtual ao mundo externo! 

E a tecnologia esta nos ajudando no contato ao mundo externo? E quanto ao mundo interno? Podemos realizar uma análise profunda sobre como a tecnologia nos ajuda em tempos de afastamento social e sobre como ela nos ajuda na buscar de nosso interior, nos enfrentamentos do medo, traumas, depressões e ansiedades. Precisamos ter um novo olhar sobre o que temos agora para nos prepararmos para as mudanças do amanhã. E ainda bem que para isso temos os nossos filmes, livros, séries, jogos que nos ajudam a elaborar melhor essas condições de forma lúdica e imersiva. Mudanças no hoje para o preparo do amanhã.

Neste sentindo vamos nos encontrar mais por aqui no blog e também por outros canais, para termos um contato maior e uma troca maior de informações. 

Abraços,

Leandro Carlos de Oliveira
Psicólogo e Neuropsicólogo
CRP 06/104817

Natália Cristiane Macário de Oliveira
Psicóloga, psicopedagoga, psicoterapeuta ABA
CRP 06/92785