domingo, 25 de abril de 2010

Filme: A Ilha do Medo


O filme "A Ilha do Medo" é baseado no livro homônimo de Dennis Lehane. Conta a hsitória de Teddy Daniels que investiga o desaparecimento de uma paciente do Hospital Psiquiatrico, que também é uma prisão. O filme é dirigido por Matin Scorsese e conta com Leonardo Dicaprio no papel de Teddy Daniels, Mark Ruffalo como Chuck Aule e Ben Kingsley como o Dr. John Crawley.

Análise feita por Leandro

O terror de todos aqueles que conhecem um pouco sobre as patologias psíquicas é ter algum(as) dela(s) diagnosticada para si. Nós que trabalhamos, estudamos e vemos um pouco disso a cada dia ficamos temerosos e preocupados que tal poderia acontecer conosco. O “engraçado” disso é que sabemos que ao sermos (diagnosticados como) um esquizofrênico ou um psicótico nem sequer notaremos algo de diferente na questão social ou a simples questão “to louco”, pois mergulhamos, nos envolvemos, na fantasia criada sendo esta fantasia a realidade e o resto seria o anormal.
Exemplo disso é o filme “A Ilha do Medo”.
Neste filme a personagem de Leonardo DiCaprio, Teddy Daniels, investiga o desaparecimento de Rachel Solando de uma prisão psiquiátrica. Acompanhado de Chuck, personagem de Mark Ruffalo, ele tenta de diversos modos descobrir a verdade na ilha. Em sonhos a falecida esposa, vivida por Michelle Williams, aponta algumas direções na investigação mas deixa algumas perguntas no ar, como quando Teddy em sonho encosta em sua barriga e de lá jorra sangue, ou quando ela aparece ao lado de uma menina morta em um campo de concentração Nazista.
Toda a trama é tão bem elaborada que em nenhum momento o expectador pode dizer que tudo não passa de uma fantasia criada por Teddy, que na realidade se chama Andrew Laeddis, para suportar a morte dos três filhos pela esposa e por ter matado a esposa por isso. Ela sofria de depressão aguda.
Essa trama, essa fantasia, que Andrew cria mostra exatamente o que acontece no dia a dia de um CAPS/NAPS ou de qualquer hospital psiquiátrico ou residência do doente mental. A fantasia é forte o bastante para ludibriar a verdade e não permitir que o paciente tenha acesso ao que realmente acontece na vida real.
Na história o diretor do hospital, personagem de Ben Kingsley tenta ajudar a recuperação de Andrew tornando a prisão hospital no local imaginado na história de Andrew. Por alguns momentos ele tem êxito em sua busca terapêutica, Andrew reconhece que Teddy Daniels não existe, porém logo em seguida ele regride voltando a fantasia.
No filme é dado apenas um modo para a “cura” de Andrew, a lobotomia, porém esse método não ajuda o paciente, mas sim apenas causa uma baixa reação do paciente as atividades emocionais cortando as ligações do lobo frontal ao tálamo. Em outras palavras, o paciente não demonstra sentir nada, nenhum tipo de reação como medo, alegria, tristeza, amor, ódio, nada. Ele fica parecido com um Zumbi clássico, daqueles filmes B dos anos 80.
Retirar essas ligações emocionais de Andrew com o mundo exterior e interior é cura? Será que mesmo naquela época era necessário que ele passasse por isso? Imagine a sua cidade, quantas pessoas com algum tipo de doença mental existem nela e depois pense se todos sofressem lobotomia? Não seria cura, e sim apenas olhar para o lado, calar a boca do doente para não ouvi-lo gritar, para não ouvi-lo pedir ajuda para algo que você não pode ajudar.
Acredito, e digo isso pensando apenas em meu pouco conhecimento de tudo que existe em relação as doenças mentais e os métodos para a cura, que não podemos para de estudar os casos para que em algum dia (se Deus quiser) possamos encontrar uma forma mais rápida de ajuda-los a se adaptarem a sociedade e ao seu mundo interno.
Afinal, já diz o ditado “médico e louco, todo mundo tem um pouco” ... que a moda da lobotomia não retorne ...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Filme: Invictus



O filme Invictus é baseado no livro "Conquistando o Inimigo" de John Carlin, que por sua vez é a narrativa da história real do jogo de rugbi que uniu os sul africanos brancos e negros. O filme trata especificamente do jogo de rugbi e do momento no qual aconteceu, o livro volta mais no tempo, começando desde a prisão de Mandela até o final do jogo, um jogo entre ideias e crenças. O filme é dirigido por Clint Eastwood, conta com Morgan Freeman (no papel de Mandela), Matt Damon (como françois Pienaar), Tony Kgoroge (Jason Tshabalala), Patrick Mofokeng (Linda Moonsamy), Matt Stern (Hendrick Booyens). Indicado a dois premios da Academia (Oscar) com Melhor Ator (Morgan Freeman) e melhor ator coadjuvante (Matt Damon).

Análise feita por Leandro




“O perdão começa aqui!” “Esse é o maior poder de todos!”. Essas são frases tiradas do filme “Invictus”, dirigido por Clint Eastwood que conta com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela e Matt Damon no papel de François Pienaar.
A história do filme é baseado no livro “Conquistando o Inimigo” de John Carlin, que por sua vez é baseado nos fatos reais acontecidos na África do Sul durante o apartheid.
A sensacional performance de Freeman como Mandela é fantástica e nos traz algo totalmente importante para a vida de todos, uma história de luta e conquista através de algo muito simples: Perdão!
Na história Mandela é libertado e após as eleições de 1994 é eleito presidente da África do Sul, o primeiro negro presidente do país e primeiro presidente eleito em eleições mistas na África do Sul. Mandela, durante todo o tempo que esteve preso (27 anos) refletiu e pode sentir o que realmente o seu país precisava, o perdão contra os crimes cometidos pelo afrikaners ao sul africanos negros.
Ele entendeu que o ressentimento criado pela violência cometida pelos afrikaners, foi gerada pelo medo de perder o que eles conseguiram. O filme pouco mostra o que aconteceu na vida real, o livro descreve um pouco melhor, as guerras, as mortes, o medo, a destruição de vilas e cidades. Tudo criado pelo medo de perder o que tinham e pelo ressentimento criado pelo medo alheio.
Esse medo estava criando um câncer dentro da sociedade negra do país, estava criando guerras entre os povos (negros x negros; brancos x negros). Tudo pelo medo.
Muitos pensam que seja apenas um sentimento sem importância, que sentimentos não causam nada físico ao corpo humano ou ao corpo da sociedade. Mas a ciência mostra o contrário, demonstra o contrário e, acima de tudo, comprova o contrário!
Claro que todos os estudos existentes dentro da ciência, seja o ramo que for, tem como fundamento conceitos básicos a maioria vindo de filósofos antigos datados de 500 A.C, mas a teoria da Psicossomática foi fundamentada em 1922 por Georg W. Groddeck. Essa teoria nos diz que o corpo humano reage de forma física aos nossos sentimentos, como quando alguém está com raiva e não fala a ninguém o corpo começa a reagir, alguns com fortes dores no estomago, outros com febre, outros com diarréia, prisão de ventre entre tantos outros sintomas. Quem nunca ouviu na televisão, reportagens no jornal, revistas ou mesmo da boca do vizinho “isso que você ta sentindo vai te deixar doente” ou “ supera cara! Se você não se abrir isso vai te dar uma úlcera” “isso vai te dar um câncer”? Todos sabemos que isso pode acontecer, conheço pessoas que quando não conseguem se expressar começam a ter dores de cabeça e febre, outras que quando não conseguem ter o que querem o corpo ataca com uma grande febre.
Existem casos que a preocupação por algo ou alguém pode desencadear uma gastrite, aftas, herpes.
Mandela percebeu que o perdão, o falar durante esse período de doença, poderia curar o país inteiro. Começou com o slogan “Um time, Um país” e com as campanhas para não privar o corpo, ou seja os brancos e os negros, de seus desejos e diversões mais simples resultaram na unificação do país.
E nós, podemos começar uma campanha de unificação de nossos sentimentos? Podemos criar um slogan parecidos “Verdadeiro sentimento, Verdadeiro corpo”?
Uma professora minha vivia repetindo uma frase dentro da sala de aula “boca cala, o corpo fala”, e assim vejo muitas outras repetindo a frase mas muitas não unificam o sentimento para a cura do corpo.
Vamos nos livrar de medo, receios, raivas, ódios para criarmos em nosso corpo uma sensação de bem estar, sensação gerada pelo bem estar do corpo.
Você é quem comanda seu corpo! Você dita as ordens para ele e seu caminho!

Poema: Invictus
William Ernest Henley
Tradução: Leonardo Dias

Do fundo da noite que me cobre,
Preta como o Breu de lado a lado
Agradeço a todos deuses pelo nobre
Inconquistável espírito a mim dado.

No acaso todo das circunstâncias
Não me deixei cair nem gritar
Apesar de um estouro de ânsias
Minha cabeça sangra sem curvar

Além desse lugar de tristezas e insanos
Nada se vê, só o Horror desde cedo
E ainda assim a ameaça dos anos
encontra-me e encontrar-me-á sem medo

Não importa quantas vezes desatino
nem quantas vezes a vida me espalma
Sou o mestre e senhor do meu destino:
Sou o capitão de minha alma.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Filme: Avatar



O filme Avatar tem direção de James Cameron, no elenco estão Sam Worthington, Zoe Saldana, Michelle Rodriguez, Sigourney Weaver, Giovanni Ribisi. Noo filme é contado a estória de Jack Sully (vivido por Sam Worthinton) que ao chegar em sua cadeira de rodas num planeta desconhecido vive aventuras para cumprir seu dever como soldado, mas as aventuras passam mais tarde para seu dever com um povo, com a vida. Indicado a 9 prêmios da Academia (o Oscar), sendo que ganhou 3 deles: MelhorFotografia, Direção de Arte e Efeitos Especiais.

Análise feita por Natália





Qual é o seu Avatar para as dores existenciais?


O filme Avatar é surpreendente! Além de efeitos fantásticos e um enredo incrível onde demonstra com primazia a importância da natureza e do amor pela vida e a superação. A personagem principal utiliza um Avatar para explorar Pandora, que é um mundo alienígena habitado pelos Na’vi para melhor integração, conhecê-los e usurpar as preciosidades de sua terra.
A personagem utiliza um Avatar para se integrar e conhecer os mistérios daquele lugar, separando as frustrações de seu “eu humano” do seu “eu Na’vi” (ou pelo menos, tentando), enquanto nós meros seres-humanos limitados com dores existências às frustrações do dia a dia as perdas.
Existe uma música que define as frustrações dizendo que “Não há nada sem separação” é pensando que percebemos que as conquistas das vidas são feitas de separação. Para se tornar adolescente e “comprar as suas opiniões” (no sentido de ter suas próprias opiniões) é necessário se separar da criança que antes vivia da opinião dos pais.
A mesma dinâmica acontece com a vida de solteiro, é preciso abandonar para amadurecer e viver uma vida a dois. Somos obrigados a realizar inúmeras separações para nos adaptar.
Quando não há a adaptação das separações, quando não há sequer elaborações existenciais, criamos avateres para lidar com as frustrações da nossa existência, do nosso “Ser no Mundo”. Esses avateres são a dependência química, as doenças psicossomáticas e outras com a síndrome do pânico a depressão.
A dependência química é o entorpecer da dor. Adoramos fingir que nada está acontecendo e o adicto é aquele que tem uma baixa tolerância à frustração e o avatar para suas dores existências são as drogas, que dão prazer entorpecente.
As doenças psicossomáticas Eu diria que todo o adoecer carrega as emoções embutidas em si, motivadoras ou não elas estão lá e negá-las é um meio de fortalecê-las. O Avatar para as dores que não conseguimos elaborar são as doenças psicossomáticas, afinal “Quando a boca fala os órgãos calam, quando a boca cala os órgãos falam”.
A depressão é um entorpecer para a vida, ou melhor, o não querer viver daquela maneira, e a inflexibilidade diante da vida e das dores da alma é não a adaptação à separação a qual estamos sujeitos a todo o momento sendo este é o Avatar para não lidar com as mesmas.
Diante desses Avatares que estão embutidos na alma humana devemos ter a consciência que todos estão vulneráveis que nosso legado, que é Amar e trabalhar segundo Freud, estão estritamente ligados a frustrações.
A personagem principal se entrega após algumas batalhas junto de seu avatar e o vive o avatar; se nos entregamos aos nossos avatares não vivemos a nossa essência e acabaremos não adaptando as realidades que nos “atropelam” o nosso existir. A psicologia como ciência da alma, do existir, da escuta do outro (que dentro desse encontro se escuta) e dentro da grandeza das palavras há a libertação da alma, portanto é uma ciência que estuda a loucura da vida que acalma e orienta as dores da existência.
Dores essas que nos impede de gozar em plenitude a vida, sem os avatares nos amarmos em essência e se não conseguimos sozinhos superá-los procure a ajuda do profissional da escuta e da palavra, o Psicólogo, o Psicoterapeuta e se liberte dos seus avatares. Ajudaremos a encontrar o caminho mas quem a trilha é você.

“Sei lá... a Vida tem Sempre Razão", de Toquinho e Vinicius de Moraes na voz de Chico Buarque, Miúcha e Tom Jobim.
Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.
Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.
A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.
De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Personagem: Christopher



A personagem Christopher pertence ao "universo" de Ursinho Puff (como conhecido no Brasil), foi criado em 1926 no livro Winnie the Pohh escrito por Alan Alexander Milne. Em 1977 Walt Disney reuni as histórias de Puff em três curtas metragens, mais tarde sendo reunidos num longa metragem e posteriormente em séries de desenho animados, longa metragens, jogos.

A análise realizada é feita por Leandro


O Bosque dos Cem Acres, um lugar formidável, com lindas paisagens, campos abertos, lagos, um clima normal, mas habitantes inusitados. Leitões medrosos, ursos sem grandes habilidades cognitivas, tigres que adoram pular, cangurus super protetores e burros com rabos preso ao corpo por um prego. Um lugar estranho para se viver, mas todos convivem bem entre si, principalmente por um visitante sempre esperado, um visitante que ajuda a todos e ouve a todos, Christopher.
Christopher (ou Cristóvão em algumas versões brasileiras) é um garoto que visita os habitantes do Bosque dos Cem Acres, o ursinho Pooh (ou Puff como também é conhecido no Brasil), o Leitão, o Tigrão, o coelho Abel, o burro Ió entre outros tantos habitantes.
Tanto nas historias escritas por A. A. Milne como na versão da Disney, os habitantes do Bosques tem diversos problemas, como Pooh que só pensa em Mel, Tigrão que utiliza seu rabo para pular, Leitão que é tão tímido e medroso, Ió com sua baixa motivação e é Christopher que os ajuda a superar alguns de seus problemas (não apenas esses mencionados mas outros relacionados a comunidade) como um conselheiro, aquele que ouve e os ajuda a pensar na direção do problema.
Ora, o que Christopher faz não é exatamente o trabalho de um psicoterapeuta? Repare como o garoto sem ajuda seus amigos que tem diversas dificuldades (que são até possíveis de serem diagnosticadas, como são mencionados no livro “Lobo Mau no Divã” de Laura James).
Na psicoterapia, o terapeuta ajuda o paciente que está com determinado problema a enxergar o problema e sua solução, ou ainda ajuda a superar determinados medos ou traumas, ou simplesmente ouve o paciente.
Christopher realiza no Bosque dos Cem Acres um serviço de terapia a comunidade, por assim dizer. Todos os habitantes buscam sua ajuda. E na história uma babá ajuda Christopher em suas questões (como uma supervisora e/ou terapeuta talvez?).
Porém ele se diferencia em muita dos terapeutas de, digamos, linhagem clássica. Ele interage com a comunidade, se for preciso ajuda colocando a “mão na massa” para ajudar (mas pouquíssimas vezes, sempre deixando claro qual trabalho é de quem), partindo no momento que é necessário, deixando que os habitantes (ou seriam pacientes?) vivam suas próprias vidas e reflitam na conversa e na convivência que tiveram durante o momento que estavam juntos. Na foto acima podemos ver como Christopher também participa dos momentos de alegria e festas da comunidade.
Podemos todos os dias observar pessoas com os mesmo problemas que os habitantes do Bosque, é só olharmos com mais cuidado na nossa sociedade. Quantas pessoas ansiosas temos em nossa sociedade? Ou com TDAH? TOC? Quantas vezes não vemos profissionais da saúde se afastando claramente da saúde do paciente e indo apenas direto ao que os manuais dizem? Não digo isso menosprezando os manuais como DSM IV ou o CID10, mas nem sempre as pessoas sem enquadram em padrões ditos por eles, e nem sempre temos que agir de forma robotizada, sem emoção, em trabalhos diretos com a comunidade devemos colocar emoção no trabalho e sermos empatas com cada uma das pessoas. Christopher é empata com cada habitante do Bosque, e ele é apenas uma criança sem apoio teórico e técnico.
Imaginem o que os psicoterapeuta podem fazer se unirem a empatia desta criança com a técnico/teórico do profissional? Muitos e muitos Pooh’s, Tigrão’s, Ió’s podem ser ajudados com isso?

A empatia na jornada profissional do psicoterapeuta é essencial! O amor ao que faz é essencial.

Psicoterapeutas, lembrem-se: A sua presença é primordial!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Nós da equipe Arte no Divã desejamos a todos os leitores um FELIZ NATAL! Que nesta data possamos nos achegar mais perto daqueles que nos rodeiam, que vivem conosco e aprender com eles, para que com esse aprendizado consigamos compreender melhor nós mesmos e a própria sociedade em nível consciente e inconsciente.

Boas Festa!

Leandro e Natália

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Filme: Ponte para Terabítia


O filme "Ponte para Terabítia" é baseado no livro homônimo de Katherine Paterson. Na história o garoto Jess se sente um estranho em casa e na escola, onde é ridicularizado. Ele e sua amiga Leslie se aventuram no bosque perto de suas casas onde eles encontram (ou melhor dizendo, criam) o reino de Terabítia, um lugar mágico que os ajuda a encarar os seus medos e desafios. Josh Hutcherson (Viagem ao Centro da Terra) interpreta Jess Aarons e Anna Sophia Robb interpreta Leslie Burke.



Análise feita por Leandro

Começarei dizendo, este texto se refere ao filme e não ao livro.
Jess Aron sofre com a mudança de escola, com a nova casa, nova situação social. Na escola não faz muitos amigos, e apenas treina para ser o grande corredor na escola, porém a menina Leslie “atrapalha” seus planos na corrida vencendo-o. A partir daí uma relação de amizade muito forte surge entre os dois.
Os dois são discriminados na escola e sempre sem amigos, os dois brincam num bosque onde “descobrem” o reino de Terabítia.
Esse reino eles inventam para poderem passar o tempo e enfrentar os desafios de cada dia. A Ogra que existem na terra de Terabítia é uma das garotas mais fortes da escola e que sempre implicava com os dois. Entre outros animais e seres fantasiosos, ambos criam dessa forma um modo de enfrentar os desafios surgidos na infância.
Em outro momento, quase no final da história, Jess tem que utilizar desse método para enfrentar outro grande problema, a morte de Leslie.
Esse recurso imaginário não demonstra em nenhum aspecto sintomas de esquizofrenia ou outra patologia, muito pelo contrário, demonstra uma saudável maneira de enfrentar os problemas na infância. Pensar em pessoas como monstros ou heróis, fadas ou bruxas, são formas que encontramos em, praticamente, todas as culturas do mundo.
O conto de Chapeuzinho Vermelho fala sobre a transição menina – mulher, os Três Porquinhos nos mostra as diferenças de um trabalho feito com dedicação e outro sem a mesma dedicação (ou como a nossa estrutura psiquica pode aguentar algumas ventanias se não estiver bem estruturada).
Inventar, criar um mundo onde tudo pode acontecer pode ser uma forma de fortalecer nossas estruturas psiquicas para enfrentar as mudanças que ocorrem em nós e no meio que vivemos, porém apenas viver na fantasia sem conseguir discernir o que é real e o que é imaginário pode significar uma patologia, mas esse é um caso que não ocorre no filme e em muitas das histórias que criamos ou contamos as crianças ou adultos. Sim adultos!
Nas mais diversas culturas as histórias podem nos ajudar na forma de enfrentar, ou elaborar, determinada questão. Na cultura cristã existem as parábolas contadas na Biblía, os Judeus também tem as utilizam. No livro “Mil e uma Noites”, embora fictício, mostra como a história pode influenciar em nossas decisões e formação.
Apenas mais um exemplo, a história contada na música “Aquarela do Brasil”, Toquinho escreveu esta canção em duas partes, uma quando estava feliz e outra quando estava triste. Ele consegui expressar o que sentia e superar aquilo que atrapalhava.

Imaginar, criar, inventar histórias e vidas não pode ser considerado uma patologia se for realizada de forma saudável, histórias existem para nos confortar, nos fazerem pensar e nos ajudarem a crescer mais e mais.

Criemos, inventemos ajudemos nossas crianças a superar suas questões, desde a mais simples até a mais complexa, através de histórias. Que sigamos o exemplo de Jess que ao final do filme coroou sua irmã menos (que nunca tinha participado de suas “aventuras”) como princesa de Terabítia.

Coroemos mais e mais pessoas como reis e rainhas de Terabítia para termo um “reino” mais saudável e feliz!


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Filme: Tá Chovendo Hambúrguer


O desenho "Tá Chovendo Hambúrguer" estreou este anos nos cinemas mundiais, com animação 3D. Este desenho conta a história do inventor Flint Lockwood, um cientista desacreditado por toda a cidade mas que revoluciona o mundo com a "máquina de chover comida". Filme baseado no livro de Judi Barrett e Ron Barrett "Cloudy with a Chance of Meatballs ".


Análise feita por Leandro

Ao ver este desenho no cinema com minha noiva vimos algo que foi relatado como uma diversão mas acontece na realidade: Preconceito!
Neste filme Flint Lockwood é uma criança com um sonho, ser cientista, um grande inventor, porém ele é rechaçado na escola por seu comportamento, por tentar entender as coisas, e por ser mais inteligente nas matérias acadêmicas.
Com isso vive isolado deles, a mãe o incentiva mas o pai não. Ele deixa o filho fazer as invenções, mas não acredita. Assim como a cidade inteira. A cidade respeitava e vivia apenas da propaganda de atum do pequeno bebê (que virou um homem já).
Neste contexto podemos ver o quanto as pessoas estão ligadas a essas imagens, representações sociais de cada um. Claro que nós fazemos essas representações para poder identificar, para nos adequar ao meio que estamos.
Mas como está sendo o nosso modo de enxergar o mundo? Pessoas inteligentes, que gostam de filmes “espaciais” ou de desenho animados devem ser excluídos? Tratados como uma pessoa sem qualquer importância na sociedade?
Flint consegue ser reconhecido como ágüem importante por fazer chover comida. Mas as pessoas, mesmo reconhecendo toda a inteligência de Flint, continuam a usurpá-lo, pedindo cada hora uma comida diferente para comer. Abusam dele e o fazem acreditar que somente assim poderá ter um lugar significante perante todos.
A personagem Sam Sparks não é diferente dele, porém quando era criança já muda seu comportamento. Ela gostaria de ser meteorologista, e por isso todos a chamam de “nerd”, como se isso fosse algo pejorativo, algo ruim. Ela decide mudar para não ser humilhada, deixa de lado os óculos (e passa a piorar sua visão, já que ela precisava deles para enxergar), muda roupa e começa a agir como se não entendesse das coisas, agir como “burra”.
Será que quem é inteligente precisa se disfarçar para que ninguém o reconheça como inteligente? Será que persistir nos sonhos de criança é errado?
Outro dia ouvi uma mãe dizer para seu filho “credo, ta parecendo nerd!”
Vou explicar o que é nerd. Nerd é uma pessoa que, em sua maioria, é inteligente nas matérias acadêmicas (sem ter que estudar demais para entende-las. Aqueles que estudam demais para uma matéria e ficam apenas estudando são os chamados CDF’s), muitas vezes tem um contato social precário, devido as chacotas que o envolvem, gostam de assuntos relacionados a ciência e ficção cientifica.
Analisando as características acima, existe algum motivo para serem excluídos? Serem motivos de piadas e excluídos só por isso? Existe motivo para uma mãe dizer ao filho “não seja nerd”?
Num país onde existe o discurso contra o preconceito racial, é permitido o preconceito contra alguma característica de gosto pessoal?
Isso vale para as nossas representações quantos aqueles que possuem algum déficit cognitivo ou físico. Quantas vezes não permitimos que alguém trabalhe em determinado cargo por que ele possuí dificuldade motora nos membros superiores (sendo um pouco mais claro, a pessoa tem dificuldade em movimentar os braços).
Nós devemos lutar para garantir que esses preconceitos não existam mais.
No filme todos passam a entender melhor Flint e Sam após eles salvarem o mundo da máquina que pifou, mas em nossa realidade será necessário um evento cataclísmico para que as diferenças acabem?
Lutemos e lutemos para que preconceitos caiam por terra, para assim chegarmos num ambiente de melhor convivência.

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 1