domingo, 25 de abril de 2010

Filme: A Ilha do Medo


O filme "A Ilha do Medo" é baseado no livro homônimo de Dennis Lehane. Conta a hsitória de Teddy Daniels que investiga o desaparecimento de uma paciente do Hospital Psiquiatrico, que também é uma prisão. O filme é dirigido por Matin Scorsese e conta com Leonardo Dicaprio no papel de Teddy Daniels, Mark Ruffalo como Chuck Aule e Ben Kingsley como o Dr. John Crawley.

Análise feita por Leandro

O terror de todos aqueles que conhecem um pouco sobre as patologias psíquicas é ter algum(as) dela(s) diagnosticada para si. Nós que trabalhamos, estudamos e vemos um pouco disso a cada dia ficamos temerosos e preocupados que tal poderia acontecer conosco. O “engraçado” disso é que sabemos que ao sermos (diagnosticados como) um esquizofrênico ou um psicótico nem sequer notaremos algo de diferente na questão social ou a simples questão “to louco”, pois mergulhamos, nos envolvemos, na fantasia criada sendo esta fantasia a realidade e o resto seria o anormal.
Exemplo disso é o filme “A Ilha do Medo”.
Neste filme a personagem de Leonardo DiCaprio, Teddy Daniels, investiga o desaparecimento de Rachel Solando de uma prisão psiquiátrica. Acompanhado de Chuck, personagem de Mark Ruffalo, ele tenta de diversos modos descobrir a verdade na ilha. Em sonhos a falecida esposa, vivida por Michelle Williams, aponta algumas direções na investigação mas deixa algumas perguntas no ar, como quando Teddy em sonho encosta em sua barriga e de lá jorra sangue, ou quando ela aparece ao lado de uma menina morta em um campo de concentração Nazista.
Toda a trama é tão bem elaborada que em nenhum momento o expectador pode dizer que tudo não passa de uma fantasia criada por Teddy, que na realidade se chama Andrew Laeddis, para suportar a morte dos três filhos pela esposa e por ter matado a esposa por isso. Ela sofria de depressão aguda.
Essa trama, essa fantasia, que Andrew cria mostra exatamente o que acontece no dia a dia de um CAPS/NAPS ou de qualquer hospital psiquiátrico ou residência do doente mental. A fantasia é forte o bastante para ludibriar a verdade e não permitir que o paciente tenha acesso ao que realmente acontece na vida real.
Na história o diretor do hospital, personagem de Ben Kingsley tenta ajudar a recuperação de Andrew tornando a prisão hospital no local imaginado na história de Andrew. Por alguns momentos ele tem êxito em sua busca terapêutica, Andrew reconhece que Teddy Daniels não existe, porém logo em seguida ele regride voltando a fantasia.
No filme é dado apenas um modo para a “cura” de Andrew, a lobotomia, porém esse método não ajuda o paciente, mas sim apenas causa uma baixa reação do paciente as atividades emocionais cortando as ligações do lobo frontal ao tálamo. Em outras palavras, o paciente não demonstra sentir nada, nenhum tipo de reação como medo, alegria, tristeza, amor, ódio, nada. Ele fica parecido com um Zumbi clássico, daqueles filmes B dos anos 80.
Retirar essas ligações emocionais de Andrew com o mundo exterior e interior é cura? Será que mesmo naquela época era necessário que ele passasse por isso? Imagine a sua cidade, quantas pessoas com algum tipo de doença mental existem nela e depois pense se todos sofressem lobotomia? Não seria cura, e sim apenas olhar para o lado, calar a boca do doente para não ouvi-lo gritar, para não ouvi-lo pedir ajuda para algo que você não pode ajudar.
Acredito, e digo isso pensando apenas em meu pouco conhecimento de tudo que existe em relação as doenças mentais e os métodos para a cura, que não podemos para de estudar os casos para que em algum dia (se Deus quiser) possamos encontrar uma forma mais rápida de ajuda-los a se adaptarem a sociedade e ao seu mundo interno.
Afinal, já diz o ditado “médico e louco, todo mundo tem um pouco” ... que a moda da lobotomia não retorne ...

4 comentários:

  1. Acabei de assistir esse filme para realizar um trabalho de Psicologia Social, aonde vamos relatar alem de alguns livros indicados sobre doença mental e os filmes, visitamos o Manicomio Judiciario de Franco da Rocha e seu comentario foi muito bem argumentado, gostamos bastate. Voce tem razão.
    Um grande Abraço

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  2. Muito esclarecedor! Obrigada.

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  3. Gostaria de saber se poderia utilizar trechos deste texto para um trabalho científico sobre o filme. Achei muito bem claro e coerente, além de bem crítico. Só preciso do seu sobrenome.
    Att.
    Thiago Morethe

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  4. Thiago, claro que pode utilizar, mas com uma condição: me manda o link do trabalho ou o trabalho no nosso e-mail, fiquei curioso e adoro trabalhos com ou sobre os filmes. O nome completo é Leandro Carlos de Oliveira. Obrigado

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