terça-feira, 29 de março de 2011

Filme: O Último Mestre do Ar - A elaboração do Luto



"O Último Mestre do Ar" de 2010 é um filme baseado numa série de animes, conhecido no Brasil como, Avatar. A estória fala de um garoto de 12 anos que precisa dominar seus poderes para dar a paz ao mundo. O filme foi dirigido por M. Night Shyamalan e estrelado po Noah Ringer como Aang, Nicola Petz como Katara, Jackson Rathbone como Sokka e Dev Patel como Zuko

A análise foi feita pelo Psicólogo Leandro

O filme “O Último Mestre do Ar” ganhou diversos prêmios no dia 26/02, os prêmios são de: pior filme, pior ator coadjuvante, pior 3D, pior roteiro e pior diretor. É, este filme foi o “grande” vencedor do Framboesa de Ouro, que é exatamente o inverso do Oscar. O diretor do filme (que também foi o roteirista) deve estar triste por isso, afinal ele não faz um filme para ganhar o premio de “pior do ano”, o sonho de ver mais um trabalho seu no Oscar morreu. Assim como os amigos de Aang morreram no filme. Tanto diretor como personagem tiveram que enfrentar o luto.
Para melhor explicar vou contar um pouco do filme (que é baseado num desenho). Essa estória fala sobre Aang, o último capaz de controlar o elemento Ar, que é declarado o Avatar do mundo. Não é o mesmo Avatar de James Cameron, neste filme o Avatar tem o papel de guiar o mundo com seus conselhos e sua experiência na vida e nos estudos. A cada 100 anos um novo Avatar nasce, e quando Aang é declarado o novo Avatar ele foge por medo de nunca mais ter uma família ou amigos por perto. Ao fugir fica preso por 100 anos numa redoma de ar dentro do mar. Ao sair, seus amigos estão mortos e o mundo um caos. Ao fazer novos amigos ele assume seu papel contra os maus, mas não o de Avatar. Para tanto ele precisa dominar os outros elementos, água, fogo e terra. Ao tentar dominar o primeiro elemento, Aang não consegue por ainda sentir uma profunda dor pela perda de seus mestres. Ele se acha culpado direto pela morte de seus antigos amigos e mestres e não consegue dominar os outros elementos. Essa culpa o debilita, pois percebe o quanto perdeu com a morte dos amigos, sendo o mesmo sentimento que todos sentem ao perder um ente querido. Nesse momento começa a elaboração do luto (ou pelo menos, deve começar).
O luto, como todos sabem, é o sentimento de perda por algo ou alguém, e como todos os sentimentos, precisamos vivenciá-lo e elaborá-lo. Não podemos ficar sempre presos a dor da perda, ou caímos numa imensa depressão e para sair é mais difícil. A perda nunca é fácil, perder um ente querido pode ser muitas vezes destruidor. A pessoa fica em casa, ou ao ir trabalhar não o faz direito, fica apenas se martirizando com sua dor. Negar a dor não o faz elaborar o luto, vemos no filme que Aang deixa a dor de sentir a morte dos amigos de lado, não a sente diretamente. Sentir a dor da perda é normal e deve ser sentida, não deve ser ocultada. O luto é deixar de investir naquilo ou naquela pessoa que depositamos carinho, amor, e começar a deslocar tudo o que direcionávamos para esta pessoa ou objeto para outro. Isso dói, pois pensar em não amar mais uma pessoa trás uma dor, mas não deixamos de amar aquela pessoa que partiu, mas começamos a depositar o amor que iriamos dar a ela para outra pessoa.
Aang só consegue controlar o segundo elemento quando sente a perda, encara a dor e o sofrimento, percebe que a fuga desses sentimentos ou o negar deles não o estava auxiliando, apenas atrapalhando. Deixar-se sofrer é bom, mas não ininterruptamente, é preciso encarar a dor, senti-la e depois deixa-la partir. Prolongar a dor, também faz mal.
Aang senti a dor, deixa-a agir e depois a dor parte, vai embora.
A dor faz parte da vida, vejamos a ostra: É da ostra que é retirada a pérola, a única gema de origem animal (diamante, topázios, pedras de Jade entre outras são de origem mineral), mas ele não é feito de forma simples e rápida. A pérola é uma proteção da ostra contra parasitas existentes na água que conseguem perfurar seu casco e adentrar até as vísceras dela. Como proteção a ostra libera uma substância para se proteger e com isso isola o parasita e a deixa com essa esfera, que para a concha seria como uma verruga. Elaborar uma pérola totalmente esférica leva por volta de três anos.
Aang agiu assim, provavelmente sem perceber. Sofreu durante um longo tempo, uma dor necessária para a elaboração do luto. A foi trabalhando internamente até poder encarar de frente a dor, trazer a tona o que ele precisava elaborar e assim controlar seus sentimentos e o segundo elemento.
A dor faz parte da vida, o luto também, que aprendamos a viver com as nossas alegrias e tristezas
É neste sentido que termino com uma pequena estória que ouvi

“Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não ter pressa quando fizessem seus julgamentos. Por isso, convidou cada um deles para fazer uma viagem e observar uma pereira plantada num local distante.
O primeiro filho chegou lá no INVERNO, o segundo na PRIMAVERA, o terceiro no VERÃO e o quarto, o caçula, no OUTONO. Quando retornaram, o pai os reuniu e pediu que contassem o que tinham visto.
O primeiro, que chegou no inverno, disse que a árvore era feia e acrescentou: “Além de feia, ela é seca e distorcida!”. O segundo, que chegou na primavera, disse que aquilo não era verdade. Contou que encontrou uma árvore cheia de botões e carregada de promessas. O que chegou no verão, disse que ela estava coberta de flores que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais tinha visto. O último, que chegou no outono, disse que a árvore estava carregada e arqueada cheia de frutas, vida e promessas...
O pai então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore. Ele disse que não se pode julgar uma árvore ou uma pessoa, por apenas uma estação. A essência do que se é (como o prazer, a alegria e o amor que vem da vida) só pode ser constatada no final de tudo, exatamente como no momento em que todas as estações do ano se completam!
Se alguém desistir no INVERNO, perderá as promessas da PRIMAVERA, a beleza do VERÃO e a expectativa do OUTONO. Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil. Persevere através dos caminhos difíceis... e melhores tempos certamente virão, de uma hora para outra”

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sugestão do Mês - Livros

Saudações!

Conforme relacionamos no último post, agora faremos nossas sugestões de livros. Começando pela sugestão da psicóloga Natália.


Começo estas sugestões com um livro maravilhoso que li, ele se chama "Melancia" de Marian Keyes. Este livro fala da vida de Claire, uma garçonete que é abandonada pelo marido após ter sua filha. Ele relata de forma maestral a luta dela, a força que ela vai ganhando ao decorrer do livro para lidar com a perda do marido (e porque não dizer, da família idealizada por ela), lidar com sua baixa auto-estima e com sua família. Espero que aproveitem esta deliciosa leitura, que está bem longe de ser um abacaxi!

Segue abaixo a sinopse do livro:

"Foi demais da conta para Claire o dia do nascimento da sua filha. Ao acordar no quarto do hospital depara com o marido olhando-a na cama. Deduzindo tratar-se de algum tipo de sinal de respeito, ela nem suspeita de que ele soltará a notpicia da sua iminente separação: "Ouça, Claire, lamento muito, ms encontrei outra pessoa e vou ficar com ela. Desculpe quanto ao bebê e todo o resto, deixar você desse jeito..." Em seguida, dá meia-volta e deixa rapidamente o quarto. Defato, ele sai quase correndo.
Com 29 anos, uma filha recém-nascida nos braços e um marido que acabou de confessar um caso de mais de seis meses com a vizinha também casada, Claire se resume a um coração partido, um corpo inteiramente redondo, aparentando uma melancia, e os efeitos colaterais da gravidez, como, digamos, um canal de nascimento dez vezes maior que seu tamanho normal!
Não tendo nada melhor em vista, Claire volta a morar com sua excêntrica família: duas irmãs, uma delas obcecada pelo oculto, e a outra, uma demolidora de corações; uma mãe viciada em telenovelas e com fobia de cozinha; e um pai à beira de um ataque de nervos. Depois de muitos dias em depressão, bebedeira e choro, Claire decide avaliar os prós e contras de um casamento de três anos. E começa a se sentir melhor. Aliás, bem melhor. É justamente nesse momento que James, seu ex-marido, reaparece, paea convence-la a assumir a culpa por te-lo jogado nos braços de outra mulher.. Claire irá recebê-lo, mas lhe reservará uma bela surpresa...
"

A sugestão do formando em psicologia Leandro

Fala gente! Eu tenho vários livros para indicar, mas como só posso escrever sobre um livro agora então irei falar sobre uma coleção (não falarei de cada livro em particular, apenas do primeiro) da coleção Percy Jackson e Os Olimpanos. São cinco livros que vçao contando a vida de Perseu "Percy" Jackson que descobre ser filho do deus Poseidon da mitologia grega. Ao saber deste fato ele se junta a outros "filhos de Olimpianos" para tentar provar que não é o garoto de uma profecia. Rcik Riordan é o autor desta série, ele transporta para os tempos atuais as velhas lendas gregas e faz isso de forma espetacular. Você não se cansa de ler o livro e fica querendo muito ler o próximo.

A sinopse do primeiro livro "O Ladrão de Raios" está abaixo:

"Primeiro volume da saga Percy Jackson e os Olimpianos, O Ladrão de Raios esteve entre os primeiros lugares na lista das séries mais vendidas do The New York Times. O autor conjuga lendas da mitologia grega com aventuras no século XXI. Nelas, os deuses do Olimpo continuam vivos, ainda se apaixonam por mortais e geram filhos metade deuses, metade humanos, como os heróis da Grécia antiga. Marcados pelo destino, eles dificilmente passam da adolescência. Poucos conseguem descobrir sua identidade.
O garoto-problema Percy Jackson é um deles. Tem experiências estranhas em que deuses e monstros mitológicos parecem saltar das páginas dos livros direto para a sua vida. Pior que isso: algumas dessas criaturas estão bastante irritadas. Um artefato precioso foi roubado do Monte Olimpo e Percy é o principal suspeito. Para restaurar a paz, ele e seus amigos - jovens heróis modernos - terão de fazer mais do que capturar o verdadeiro ladrão: precisam elucidar uma traição mais ameaçadora que a fúria dos deuses
"

Boa leitura a todos!

Feliz Aniversário Arte No Divã!!!

Saudações queridos leitores!

Hoje completou dois anos de publicações em nosso blog.

Gostaria de agradecer a todos que postam no blog e pelos diversos e-mail's que recebemos, é para poder ajudar a todos que realizamos este blog. Muitos já agradeceram pelo publicação de um filme, livro e personagem, pois ajudaram na realização de um trabalho escolar ou no entendimento da obra relacionada.

Peço desculpas por algumas vezes parecer que estamos ausentes, mas estamos sempre atentos ao blog, se atrasamos justifico os atrasos com os problemas relacionados ao serviços de ambos os membros do site.

E para solucionar isto, criamos algo novo para o blog, as Sugestões do Mês! Estas sugestões estão ligados ao gosto dos membros (neste caso, a Natália e Leandro) e estarão relacionados a sinopse de um livro e um filme que cada membro gostou. Aqueles que sentirem a vontade de opinar sobre algum livro ou filme que gostaram no último mês, podem realizar seus comentários a vontade.

Obrigado por mais uma vez se conectarem conosco!!

PARABÉNS ARTE NO DIVÃ!!!

Att,

Equipe Arte no Divã
Natália e Leandro

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Contos de Fadas



Análise feita por Leandro

“Era uma vez ... num lugar muito distante ...” é com esses dizeres que em sua maioria começa os contos de fadas. São estórias que encantam gerações, afinal muito que lêem este blog já viram ou se emocionaram com a “A Branca de Neve”, “A Pequena Sereia”, “A Bela e a Fera” (meu primeiro filme no cinema, por acaso) entre tantos outros contos que foram adaptados pelos estúdios Disney para o cinema ou televisão. Também foi adaptado para a televisão nos anos 80 para uma série chamada “Contos de Fada” que até hoje é televisionado pela TV Cultura. Se formos comparar dois contos de fadas, como por exemplo Os Três Porquinhos, da Disney e do “Contos de Fada” veremos que são diferentes. A Disney adaptou as estórias para fazer desenhos, filmes, seriados, com o intuito de divertir e ter lucro com esses contos. Enquanto que o programa “Contos de Fada” interpretava na integra a estória do conto (talvez com algumas adaptações para a roupagem da época, como no caso da estória “A Princesa e a Ervilha”, que no conto original e passado numa época medieval e neste programa foi feito no molde dos anos 80, as falas não mudavam, apenas a roupagem, o que não tirou o seu conteúdo como nas adaptações da Disney). E mesmo tendo suas diferenças os contos de fadas são aclamados até hoje, é só irmos até uma livraria ou banca de jornal que já vemos material cujo conteúdo são contos de fadas, sem falar dos incontáveis livros a respeito de suas propriedades dentro da pedagogia e da psicologia. E é nesta última que me atentarei.
Os contos de fadas são temas de estudos de diversos trabalhos científicos e seu uso dentro da psicologia é bem amplo. Vou citar 4 autores que fizeram estudos do contos de fadas e seu uso e potencial psicológico: Bruno Bettelheim (autor do livro “Psicanálise dos Contos de Fadas”), Marie-Louise von Franz (autora de diversos livros junguianos, incluindo “A interpretação dos contos de fadas” e “A sombra e o mal nos contos de fadas”), o casal Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso (autores do “Fadas no Divã” e do recém lançado “A Psicanálise da Terra do Nunca” - estou considerando o casal como um único autor) e Radino que realiza um trabalho voltado para o uso do conto de fada na psicoterapia e nos trabalhos psicopedagógicos ("Contos de Fadas e a Realidade Psiquica").
Em todos estes estudos foi possível constatar que os contos de fadas interagem com a mente do individuo independente da idade, mas vou focar mais no trabalho dentro da infância (0-12 anos) que em outras faixas etárias.
Bettelheim averiguou o quanto as estórias, em sua forma original, podem influenciar no desenvolvimento infantil, auxiliando o infante na busca pelo significado de sua vida, que no futuro ele poderá olhar de forma racional (e subjetiva) para todos os conceitos que ele formou durante estes anos, chegando na chamada “maturidade psicológica”. Os contos ajudam a criança a interagir com outras pessoas, saindo de sua existência autocentrada para a existência coletiva e individual, e com isso entender a si e ao outro.
Outro aspecto importante é que os contos se comunicam diretamente ao inconsciente do individuo, onde o mesmo pode se deparar com a bruxa má, lobos, heróis e princesas que permeiam seu imaginário e sua vida real.
Vida real? Sim, a criança começa a fazer uma ligação entre os personagens da ficção com os personagens da vida real (pais, irmãos, avós, primos). Essa ligação ajuda a criança a entender os sentimentos que tem por todos aqueles que estão em seu meio. Os contos de fadas exteriorizam os sentimentos infantis tornando cada sentimento compreensível devido a representação deles pelas personagens. Ele consegue olhar para a bruxa má e a fada madrinha e enxergar a própria mãe nas duas personagens, consegue simbolizar os sentimentos de raiva e medo da bronca da mãe na personagem “bruxa má” enquanto todo o carinho e afeição que a mãe dispõe ao filho ele simboliza na “fada madrinha” e desta forma ele pode organizar melhor seus sentimentos.
Ao conseguir identificar seus sentimentos nestes personagens a criança pode se apropriar destes sentimentos e compreende-los melhor.
Cada conto de fada pode nos mostrar uma gama de interpretações, não irei realizar neste momento alguma interpretação, mas este é apenas um começo já que o inconsciente é grande e as portas para ele são várias.


Gostaria de acrescentar que em breve postarei uma parte de meu TCC aqui no blog, que fala justamente sobre a utilização dos Contos de Fadas na psicoterapia, mas por enquanto vamos ficar com um pouco do mundo Maravilhoso das Fadas

Referências:

BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos Contos de Fadas, 22° ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008

CORSO, D. L.; CORSO, M. Fadas no Divã Psicanálise nas Histórias Infantis. Porto Alegre: Artmed Editora, 2006

RADINO, G. Contos de Fadas e a Realidade Psíquica: A importância da Fantasia no Desenvolvimento. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003

sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal e Feliz 2011

Nós do blog Arte no Divã agradecemos a todos que compartilharam um momento de suas vidas conosco. Desejamos a todos um feliz Natal, cheio de felicidade e alegrias e que no próximo ano possamos realizar muito mais que neste ano de 2010!
Como presente de Natal, nós do Arte no Divã reformulamos o layout do blog, deixando ele um pouco mais com a cara da Arte, com a cara do Divã. Este ano que iniciará teremos novas análises de filmes, livros, músicas e personagens.

FELIZ NATAL E UM FELIZ ANO NOVO!

Leandro e Natália
Equipe Arte no Divã

domingo, 19 de setembro de 2010

Filme: Gamer


O filme "Gamer" de 2009 foi dirigido por Mark Neveldine e Brian Taylor, estrelado por Gerard Butler, Michael C. Hall e Amber Valetta. Conta a de um novo jogo de videogame que é a grande febre do momento. Através dele milhões de internautas podem assistir um grupo de condenados lutando para sobreviver como se fossem personagens virtuais, sendo controlados por jogadores. Kable (Gerard Butler) é a grande estrela do jogo, sendo comandado por um adolescente. Em meio à batalha, Kable precisa usar suas habilidades para vencer o jogo e derrubar o sistema que o aprisiona.

Análise feita por Leandro

Realidade virtual, games, computador, filmes 3D, 4D, 5D ... é a tecnologia se multiplicando, nos mostrando o entretenimento de forma cada vez mais real! A realidade virtual se tornando realidade pessoal!
Orkut, facebook, twitter, sonic, são comunidades virtuais de relacionamentos. Um lugar virtual onde você pode conversar com pessoas do mundo inteiro, colocar fotos, jogos, vídeos, músicas, entrar numa “comunidade on-line” para discutir determinado tema, tirar o sarro dos outros, fazer propaganda entre outras e mais outras coisas que fazemos no dia a dia e que podemos fazer virtualmente. Em um minuto podemos conversar com 5 pessoas diferentes, de países diferentes, com línguas diferentes.
Uau! Quanta informação num único minuto! Isso que não citei o skype, MSN, Windows messeger entre outros softwares que funcionam como telefones de computador. Podemos conversar no exato momento com outra pessoa, tem um retorno dela no mesmo instante por algo escrito, vídeo-chamada ou como webfone. Todos softwares baixados de graça.
Um outro jogo virtual que tenta duplicar a vida real é o Second Life, nele se é possível criar uma pessoa virtual (chamadas de avatar) com as características do usuário ou de como ele gostaria de ser. Lá é possível arrumar um emprego, um relacionamento “afetivo” ou “sexual”, dançar, jogar, dirigir. Tudo on-line, como um jogo de vídeo-game.
Maravilha, realmente esses programas nos auxiliam das mais diversas formas, afinal a 100 anos atrás nem todos os países do mundo tinham estrutura para ter um telefone, hoje algo essencial (será?) para os lares de pessoas no Brasil e do mundo.
Reparem em como tudo isso está em nossas vidas, comunidades virtuais nas quais podemos fingir ser alguém que não somos, fazer ago que como “nós mesmos”, nossa máscara social, não nos permite. Então podemos criar algo diferente para nós, uma pessoa diferente.
Claro que toda essa mudança também passa pela nossa percepção de imagem corporal, sobre como nós nos vemos e vemos nosso corpo (podemos pesquisar em diversos sites de periódicos científicos de como a imagem corporal afeta nossa vida, como por exemplo em casos de anorexia ou bulimia).
Com isso podemos ser algo no “mundo virtual” e outro no “mundo real”, porém existe uma lei da física que diz que toda ação te uma reação igual ou maior. Isso vale também para o “mundo psíquico”.
Para podermos nos adaptar a um determinado local (por exemplo, quando existe uma mudança de cidade, emprego ou escola) nos moldamos para caber nessa micro sociedade, ou seja, falamos coisas que em outros lugares não falamos, agimos de maneiras que em outros lugares não agimos, mas sempre respeitando um limite, o nosso próprio limite de agir, nosso próprio self. Vamos para um exemplo: Joãozinho está começando um novo emprego como Auxiliar Financeiro de uma companhia aérea , mas ele é muito brincalhão e não sabe se ao brincar estará ofendendo alguém ou algum chefe, portanto ele começa o emprego mais sério e aos poucos vai contando uma piada, e outra conforme vai conhecendo as pessoas e o ambiente de trabalho. Assim a pessoa se adaptou ao local e o local se adaptou a ele.
Isso é o que normalmente a sociedade em geral faz, porém algumas pessoas tem dificuldade numa adaptação, problemas sociais e para isso criam seus Avatares de jogo on-line.
Se procurar em sites da internet encontraremos diversas noticias sobre como surgiram as redes virtuais, pessoas tímidas que tinham problemas em se relacionar frente a frente com outra pessoa conseguiram criam as redes virtuais e assim de adaptaram a sociedade, tinham amigos íntimos no mundo inteiro, porém essas pessoas que criaram esses programas viram também uma possibilidade de negócios financeiros e criaram se próprio emprego. Se integraram na sociedade real sendo eles, empresários tímidos socialmente, mas leões nos negócios.
Infelizmente hoje existem pessoas viciadas em internet, não conseguem mais se socializar com outras pessoas a não ser via “web”, demonstrando tantos sintomas que já possuem um diagnóstico.
O filme Gamer nos lembra um pouco em como funciona o Orkut, facebook (os mais conhecidos no Brasil) mas principalmente um não tão famoso aqui no Brasil, o Second Life. Lá a personagem de Michael C. Hall, o chamado Castle cria a Society, um lugar onde humanos podem fazer tudo aquilo que outros humanos os mandarem fazer, como dançar com determinada pessoa, comer insetos, usar roupas extravagantes, porém a pessoa que controla esse “society” não sente nada disso, é como um usuário do Orkut mandando um Budy Poke para outro, o personagem faz o que foi mandado mas o usuário não sente nada. No caso do filme, o “society” é uma pessoa com sentimentos e tem sensações e sentimentos, mas é obrigado a falar e fazer apenas aquilo que o usuário quer.
Esses “societies”, como eu os chamo, estão apenas fugindo de suas vidas reais, fugindo de toda a responsabilidade, frustração, ganho e perda, tristeza e alegria da vida através de seus próprios julgamentos.
A personagem Angie, interpretada por Amber Valetta, é controlada por um homem, que não consegue se integrar com ele mesmo e nem com a sociedade, então para ter relacionamento e algum prazer ele a utiliza para satisfaze-lo.
Veja como esses personagens querem escapar de tudo a sua volta, deixando outra pessoa tomar a decisão por ela ou que outra pessoa sinta na pele aquilo que ela gostaria de sentir.
É algo muito triste ver alguém assim.
Já a personagem principal do filme cham-se Kable (Gerard Butler) é um soldado condenado a morte e para se ver livre da prisão e da morte certa que ela trás ele se recruta no jogo “Slayer”, também criado por Castle, e assim conseguir a liberdade após 30 vitórias. Para tanto ele também é controlado por alguém, ele é controlado por Simon (Logan Lerman), um garoto de 17 anos que acha divertido matar pessoas no jogo. No entanto durante o um dos personagens fala para Simon que “é assim deste lado a sua vitória”, ao se referir dos ganhos que o controle sobre Kable deu a ele e mostra fotos de festa e dinheiro, “mas veja sua vitória deste lado” e mostra para ele as conseqüências da batalha armada travada por ele e Kable no jogo, pernas, braços sem corpos, corpos de detentos que estavam ali tentando a liberdade, de pessoas sonhando serem livres. Não relacionar isso ao que acontece mesmo, na sociedade e realidade.
Ele não teve uma instrução que aquele jogo realmente matava pessoas, seres humanos com sonhos.
Quando conversei com um policial conhecido meu ele me disse “atirar com a arma em uma placa ou boneco é fácil. O difícil é fazer isso num ser humano. Não importa que ele seja bandido ou não, ainda assim é um ser humano. Nem todos conseguem”
Kable, Simon, Angie, souberam como lidar com toda essa duplicidade criada pelo jogo e saem dele. Vão seguir seus caminhos, sentindo o toque do ser humano, amando, respeitando, lidando com as escolhas do dia. Vão vivendo!
Para muitos dos usuários de redes sociais aquilo realmente só significa um jogo, uma carta on-line que será respondida de forma mais rápida, mas para outros é necessário que se tenha uma explicação, um trabalho junto de seu uso para que eles possam se integrar e integrar-se na sociedade e no dia a dia.
Saber lidar com as dores, com a cura, com a tristeza, com a alegria é o que torna o ser humano o que ele é, é o que o torna feliz.
Que possamos lidar com o nosso viver e sermos felizes.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Filme: Preciosa



O filme Preciosa é baseado no livro homônimo de Sapphire, conta a história de uma menina de 16 anos que está grávida do segundo filho (os filhos dela são resultados de estupros do pai) e é expulsa de casa e levada a um reformatório.
O filme de 2009 foi dirigido por Lee Daniels e tem no elenco a vencedora do Oscar Mo'nique (no papel de MAry, mãe de Preciosa), Gabourey Sidibe (como Preciosa), Paula Patton, Mariah Carey, Lenny Kravitz.

A análise é feita pela psicóloga Natália

A verdade nua e crua assusta. No momento em que sai do cinema me senti assustada por essa tal verdade que tem que ser dita a qualquer preço.
O filme “Preciosa” demonstra isso com toda a força e precisão, nos remete a perceber que esses fatos realmente ocorrem e o quanto marcam e destorcem a vida da jovem Preciosa, a jovem é abusada pelo pai, tem uma filha com ele com síndrome de Dawn, a mãe a espanca não considera como filha mas como amante do marido e ultrajada como tal. Não conseguia aprender e estava grávida do seu segundo filho com o pai e é encaminhada para o reformatório e nesse lugar que ela começa resignificar sua vida, começa a enxergar novas saídas.
O filme, visto por ângulo da bilheteria, não rendeu como outros grandes sucessos mas demonstrou como é fácil permanecer na posição de que nada acontece.
Famílias com grau de comprometimento psicopatológico cometem o incesto, o abuso sexual intrafamiliar é o maior índice nas estatísticas, não escolhendo classe social, raça, cor.
O complexo de Édipo, ao qual somos concebidos, é essa relação triangular em que segundo Freud as nossas estruturas psíquicas são estabelecidas. Dessa relação triangular é que determina como é formado o ID, que é o desejo o proibido, o Super- Ego, que é o carrasco a culpa, e o Ego que organiza essas instancias psíquicas.
O Pai: a figura simbólica do pai é a lei “nos arranca é mostra que pertencemos ao mundo e não a nossa mãe, e que iremos procurar outras parcerias”.
Em casos patológicos em que o Édipo se concretiza abre-se um abismo na família. É o que aconteceu com a Preciosa, o pai prometia que iria casar com ela, impedia inconscientemente de namorar, concretizando o Édipo.
A cenas no filme que demonstram a fuga da realidade, um mecanismo de defesa que nega aquele acontecimento tão traumático.
Ao resignificar a sua vida ela conseguiu não naturalizar a violência que sofria, a professora teve uma escuta ativa e a amou, sentimento esse nunca vivenciado por ela. O amor de pais nunca teve, o que teve no lugar deste amor nunca caracterizou algo de bom para Preciosa.
Sua mãe com características boderline, traços caracteristicos de psicose, é um destaque. Vencedora do Oscar, a atriz conseguiu expressar o sofrimento e a inveja que apersonagem sentia pela filha, denunciando a dinâmica doente da família.
A Preciosa era a esposa do seu pai.
Quando algumas pessoas desmistificam o poder da família e o seu essencial papel, seja ela convencional ou moderna, ele é a base da formação da personalidade muito mais que educar é manter a saúde mental dos filhos.
O filme é surpreendente e fascinante, mostra como o sofrimento de bases tão arcaicas que é o núcleo familiar podem sofrer mutações de formas doentias. A Preciosa em nenhum momento foi protegida, era uma menina de 16 anos que é uma resiliente e que no decorrer do filme torna o sofrimento humano em algo precioso e fruto de reflexão.