quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Personagem: Christopher



A personagem Christopher pertence ao "universo" de Ursinho Puff (como conhecido no Brasil), foi criado em 1926 no livro Winnie the Pohh escrito por Alan Alexander Milne. Em 1977 Walt Disney reuni as histórias de Puff em três curtas metragens, mais tarde sendo reunidos num longa metragem e posteriormente em séries de desenho animados, longa metragens, jogos.

A análise realizada é feita por Leandro


O Bosque dos Cem Acres, um lugar formidável, com lindas paisagens, campos abertos, lagos, um clima normal, mas habitantes inusitados. Leitões medrosos, ursos sem grandes habilidades cognitivas, tigres que adoram pular, cangurus super protetores e burros com rabos preso ao corpo por um prego. Um lugar estranho para se viver, mas todos convivem bem entre si, principalmente por um visitante sempre esperado, um visitante que ajuda a todos e ouve a todos, Christopher.
Christopher (ou Cristóvão em algumas versões brasileiras) é um garoto que visita os habitantes do Bosque dos Cem Acres, o ursinho Pooh (ou Puff como também é conhecido no Brasil), o Leitão, o Tigrão, o coelho Abel, o burro Ió entre outros tantos habitantes.
Tanto nas historias escritas por A. A. Milne como na versão da Disney, os habitantes do Bosques tem diversos problemas, como Pooh que só pensa em Mel, Tigrão que utiliza seu rabo para pular, Leitão que é tão tímido e medroso, Ió com sua baixa motivação e é Christopher que os ajuda a superar alguns de seus problemas (não apenas esses mencionados mas outros relacionados a comunidade) como um conselheiro, aquele que ouve e os ajuda a pensar na direção do problema.
Ora, o que Christopher faz não é exatamente o trabalho de um psicoterapeuta? Repare como o garoto sem ajuda seus amigos que tem diversas dificuldades (que são até possíveis de serem diagnosticadas, como são mencionados no livro “Lobo Mau no Divã” de Laura James).
Na psicoterapia, o terapeuta ajuda o paciente que está com determinado problema a enxergar o problema e sua solução, ou ainda ajuda a superar determinados medos ou traumas, ou simplesmente ouve o paciente.
Christopher realiza no Bosque dos Cem Acres um serviço de terapia a comunidade, por assim dizer. Todos os habitantes buscam sua ajuda. E na história uma babá ajuda Christopher em suas questões (como uma supervisora e/ou terapeuta talvez?).
Porém ele se diferencia em muita dos terapeutas de, digamos, linhagem clássica. Ele interage com a comunidade, se for preciso ajuda colocando a “mão na massa” para ajudar (mas pouquíssimas vezes, sempre deixando claro qual trabalho é de quem), partindo no momento que é necessário, deixando que os habitantes (ou seriam pacientes?) vivam suas próprias vidas e reflitam na conversa e na convivência que tiveram durante o momento que estavam juntos. Na foto acima podemos ver como Christopher também participa dos momentos de alegria e festas da comunidade.
Podemos todos os dias observar pessoas com os mesmo problemas que os habitantes do Bosque, é só olharmos com mais cuidado na nossa sociedade. Quantas pessoas ansiosas temos em nossa sociedade? Ou com TDAH? TOC? Quantas vezes não vemos profissionais da saúde se afastando claramente da saúde do paciente e indo apenas direto ao que os manuais dizem? Não digo isso menosprezando os manuais como DSM IV ou o CID10, mas nem sempre as pessoas sem enquadram em padrões ditos por eles, e nem sempre temos que agir de forma robotizada, sem emoção, em trabalhos diretos com a comunidade devemos colocar emoção no trabalho e sermos empatas com cada uma das pessoas. Christopher é empata com cada habitante do Bosque, e ele é apenas uma criança sem apoio teórico e técnico.
Imaginem o que os psicoterapeuta podem fazer se unirem a empatia desta criança com a técnico/teórico do profissional? Muitos e muitos Pooh’s, Tigrão’s, Ió’s podem ser ajudados com isso?

A empatia na jornada profissional do psicoterapeuta é essencial! O amor ao que faz é essencial.

Psicoterapeutas, lembrem-se: A sua presença é primordial!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Nós da equipe Arte no Divã desejamos a todos os leitores um FELIZ NATAL! Que nesta data possamos nos achegar mais perto daqueles que nos rodeiam, que vivem conosco e aprender com eles, para que com esse aprendizado consigamos compreender melhor nós mesmos e a própria sociedade em nível consciente e inconsciente.

Boas Festa!

Leandro e Natália

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Filme: Ponte para Terabítia


O filme "Ponte para Terabítia" é baseado no livro homônimo de Katherine Paterson. Na história o garoto Jess se sente um estranho em casa e na escola, onde é ridicularizado. Ele e sua amiga Leslie se aventuram no bosque perto de suas casas onde eles encontram (ou melhor dizendo, criam) o reino de Terabítia, um lugar mágico que os ajuda a encarar os seus medos e desafios. Josh Hutcherson (Viagem ao Centro da Terra) interpreta Jess Aarons e Anna Sophia Robb interpreta Leslie Burke.



Análise feita por Leandro

Começarei dizendo, este texto se refere ao filme e não ao livro.
Jess Aron sofre com a mudança de escola, com a nova casa, nova situação social. Na escola não faz muitos amigos, e apenas treina para ser o grande corredor na escola, porém a menina Leslie “atrapalha” seus planos na corrida vencendo-o. A partir daí uma relação de amizade muito forte surge entre os dois.
Os dois são discriminados na escola e sempre sem amigos, os dois brincam num bosque onde “descobrem” o reino de Terabítia.
Esse reino eles inventam para poderem passar o tempo e enfrentar os desafios de cada dia. A Ogra que existem na terra de Terabítia é uma das garotas mais fortes da escola e que sempre implicava com os dois. Entre outros animais e seres fantasiosos, ambos criam dessa forma um modo de enfrentar os desafios surgidos na infância.
Em outro momento, quase no final da história, Jess tem que utilizar desse método para enfrentar outro grande problema, a morte de Leslie.
Esse recurso imaginário não demonstra em nenhum aspecto sintomas de esquizofrenia ou outra patologia, muito pelo contrário, demonstra uma saudável maneira de enfrentar os problemas na infância. Pensar em pessoas como monstros ou heróis, fadas ou bruxas, são formas que encontramos em, praticamente, todas as culturas do mundo.
O conto de Chapeuzinho Vermelho fala sobre a transição menina – mulher, os Três Porquinhos nos mostra as diferenças de um trabalho feito com dedicação e outro sem a mesma dedicação (ou como a nossa estrutura psiquica pode aguentar algumas ventanias se não estiver bem estruturada).
Inventar, criar um mundo onde tudo pode acontecer pode ser uma forma de fortalecer nossas estruturas psiquicas para enfrentar as mudanças que ocorrem em nós e no meio que vivemos, porém apenas viver na fantasia sem conseguir discernir o que é real e o que é imaginário pode significar uma patologia, mas esse é um caso que não ocorre no filme e em muitas das histórias que criamos ou contamos as crianças ou adultos. Sim adultos!
Nas mais diversas culturas as histórias podem nos ajudar na forma de enfrentar, ou elaborar, determinada questão. Na cultura cristã existem as parábolas contadas na Biblía, os Judeus também tem as utilizam. No livro “Mil e uma Noites”, embora fictício, mostra como a história pode influenciar em nossas decisões e formação.
Apenas mais um exemplo, a história contada na música “Aquarela do Brasil”, Toquinho escreveu esta canção em duas partes, uma quando estava feliz e outra quando estava triste. Ele consegui expressar o que sentia e superar aquilo que atrapalhava.

Imaginar, criar, inventar histórias e vidas não pode ser considerado uma patologia se for realizada de forma saudável, histórias existem para nos confortar, nos fazerem pensar e nos ajudarem a crescer mais e mais.

Criemos, inventemos ajudemos nossas crianças a superar suas questões, desde a mais simples até a mais complexa, através de histórias. Que sigamos o exemplo de Jess que ao final do filme coroou sua irmã menos (que nunca tinha participado de suas “aventuras”) como princesa de Terabítia.

Coroemos mais e mais pessoas como reis e rainhas de Terabítia para termo um “reino” mais saudável e feliz!


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Filme: Tá Chovendo Hambúrguer


O desenho "Tá Chovendo Hambúrguer" estreou este anos nos cinemas mundiais, com animação 3D. Este desenho conta a história do inventor Flint Lockwood, um cientista desacreditado por toda a cidade mas que revoluciona o mundo com a "máquina de chover comida". Filme baseado no livro de Judi Barrett e Ron Barrett "Cloudy with a Chance of Meatballs ".


Análise feita por Leandro

Ao ver este desenho no cinema com minha noiva vimos algo que foi relatado como uma diversão mas acontece na realidade: Preconceito!
Neste filme Flint Lockwood é uma criança com um sonho, ser cientista, um grande inventor, porém ele é rechaçado na escola por seu comportamento, por tentar entender as coisas, e por ser mais inteligente nas matérias acadêmicas.
Com isso vive isolado deles, a mãe o incentiva mas o pai não. Ele deixa o filho fazer as invenções, mas não acredita. Assim como a cidade inteira. A cidade respeitava e vivia apenas da propaganda de atum do pequeno bebê (que virou um homem já).
Neste contexto podemos ver o quanto as pessoas estão ligadas a essas imagens, representações sociais de cada um. Claro que nós fazemos essas representações para poder identificar, para nos adequar ao meio que estamos.
Mas como está sendo o nosso modo de enxergar o mundo? Pessoas inteligentes, que gostam de filmes “espaciais” ou de desenho animados devem ser excluídos? Tratados como uma pessoa sem qualquer importância na sociedade?
Flint consegue ser reconhecido como ágüem importante por fazer chover comida. Mas as pessoas, mesmo reconhecendo toda a inteligência de Flint, continuam a usurpá-lo, pedindo cada hora uma comida diferente para comer. Abusam dele e o fazem acreditar que somente assim poderá ter um lugar significante perante todos.
A personagem Sam Sparks não é diferente dele, porém quando era criança já muda seu comportamento. Ela gostaria de ser meteorologista, e por isso todos a chamam de “nerd”, como se isso fosse algo pejorativo, algo ruim. Ela decide mudar para não ser humilhada, deixa de lado os óculos (e passa a piorar sua visão, já que ela precisava deles para enxergar), muda roupa e começa a agir como se não entendesse das coisas, agir como “burra”.
Será que quem é inteligente precisa se disfarçar para que ninguém o reconheça como inteligente? Será que persistir nos sonhos de criança é errado?
Outro dia ouvi uma mãe dizer para seu filho “credo, ta parecendo nerd!”
Vou explicar o que é nerd. Nerd é uma pessoa que, em sua maioria, é inteligente nas matérias acadêmicas (sem ter que estudar demais para entende-las. Aqueles que estudam demais para uma matéria e ficam apenas estudando são os chamados CDF’s), muitas vezes tem um contato social precário, devido as chacotas que o envolvem, gostam de assuntos relacionados a ciência e ficção cientifica.
Analisando as características acima, existe algum motivo para serem excluídos? Serem motivos de piadas e excluídos só por isso? Existe motivo para uma mãe dizer ao filho “não seja nerd”?
Num país onde existe o discurso contra o preconceito racial, é permitido o preconceito contra alguma característica de gosto pessoal?
Isso vale para as nossas representações quantos aqueles que possuem algum déficit cognitivo ou físico. Quantas vezes não permitimos que alguém trabalhe em determinado cargo por que ele possuí dificuldade motora nos membros superiores (sendo um pouco mais claro, a pessoa tem dificuldade em movimentar os braços).
Nós devemos lutar para garantir que esses preconceitos não existam mais.
No filme todos passam a entender melhor Flint e Sam após eles salvarem o mundo da máquina que pifou, mas em nossa realidade será necessário um evento cataclísmico para que as diferenças acabem?
Lutemos e lutemos para que preconceitos caiam por terra, para assim chegarmos num ambiente de melhor convivência.

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 1

domingo, 18 de outubro de 2009

Filme: Uma Prova de Amor


O filme "Uma Prova de Amor" foi lançado em 2009 e conta a história de uma familia cuja a filha do meio tem leucemia e as lutas da familia contra a(s) doença(s). Dirigido por Nick Cassavetes e tem no elenco Cameron Diaz, Jason Patrick, Abigail Breslin, Sofia Vassilieva, Evan Elligson e Alec Baldwin.
O filme, por sua vez é baseado no livro "Para minha Irmã" de Jodi Picoult.

A análise é feita por Natália.



Se me ama prove! É impressionante a necessidade que o ser humano tem de provas “concretas” de afeto, de amor.
O filme é uma prova que são diversas as provas de amor e o direito de morrer e viver o luto antecipatório.
A personagem principal não existe nesse filme, cada pedaço desse “quebra cabeça” da trama compõe uma linda história de amor em que uma menina, que luta contra a leucemia há anos, decide morrer, não mais lutar, deixar a vida acontecer e seu fim acontecer, e sua irmã que foi criada/gerada para salva-la se recusa a doar o seu rim, para a salvação da irmã.
Sua mãe demonstra forte negação da morte, tanto que engravida para salvar a filha, Não encarava o luto, não encarava a morte, no entanto sua família estava sendo destruída por sua negação da eminente morte de Katie.
A mãe, interpretada brilhantemente por Cameron Diaz, ficou obcecada pela vida e não enxergou que a mesma já havia desistido da vida, de lutar, de sonhar desde que seu primeiro namorado (com o qual pode experimentar a vida) morre de complicaçõs da leucemia.
Impressionante o momento em que a equipe de cuidados paliativos entra em ação e pergunta sobre o último pedido de Katie.
A pedido de sua irmã, Anna vai aos tribunais e pede emancipação do seu corpo e os direitos sobre o mesmo, com isso o de não transplantar o rim para a irmã Katie .
Trabalhar com o luto antecipatório é uma tarefa árdua, mexer com sentimentos enraizados de onipotência da negação da morte, a avançada luta medicinal contra a morte, a prolongação da vida a qualquer custo.
Os cuidados paliativos vieram dizer não para os avanços medicinais, aos quais exaustivamente foram testados a permitir que o luto antecipatório aconteça e que o psicólogo ou profissional da saúde lide proporcionando para a família a oportunidade de viver esse luto saudável.
A menina realizou seu último pedido, ir a praia! Uma cena emocionante que permite ver a importância de “deixar” a vida cumprir o próprio curso.
Rubens Alves brilhantemente diz em um dos seus poemas que a vida é bonita porque tem um fim. Imagine aquela musica que você mais gosta, sempre no seu ouvido ou ligada sempre? Chato né?! A música é linda porque tem um fim.
A melhor prova de amor que a menina deu foi morrer, não prolongando a vida e permitindo que os outros membros de sua família se descobrissem, descobrissem que existe uma linda vida.

Após a morte de alguém querido, é preciso redescobrir dentro de nós o que há de mais precioso daquela que nos deixou.

domingo, 27 de setembro de 2009

Personagem: Hulk


O personagem Hulk foi criado por Stan Lee e Jack Kirb em 1962. Já foi adaptado para um seriado televisivo na década de 80 (onde Bill Bixby interpretava o Bruce Banner e Lou Ferrigno interpretava o Hulk) e para o cinema (no final dos anos 80 onde a dupla retornava com seus papéis, em 2003 onde Eric Bana interpretava o Dr. Banner, em 2008 no qual o Dr. Bruce Banner era interpretado por Edward Norton. Nos dois últimos o Hulk era feito por computação gráfica).

Na foto acima estão 4 "fases": Bruce Banner, Hulk Clássico (acima), Professor e Sr Tira-Teima (abaixo).


A análise é feita por Leandro.


“Hulk esmaga!” é a primeira frase que lembramos do famoso seriado de TV, dos gibis e dos filmes, talvez lembremos ainda de um homem pintado de verde e de roupas se rasgando (nunca a parte superior da calça), ou de uma computação gráfica baseada em rosto de atores, mas sempre lembramos do personagem, um homem que quando fica bravo cresce em tamanho e força, fica verde e grita “hulk esmaga”.
Stan Lee ao criar este personagem ele se baseou no livro de Robert Louis Stevenson (O médico e o monstro) mas não tinha idéia (ou pelo menos não estava em seu consciente) que na realidade ele inicialmente caracterizou o ID, mas com o tempo outros autores caracterizaram em suas histórias o EGO e o SUPEREGO no mesmo personagem.
Darei uma breve explicação sobre o ID, EGO e SUPEREGO.
O termo ID aparece pela primeira vez na segunda teoria de Freud sobre as instancias da mente, onde também é apresentado (ou caracterizado) o ego e o superego. O Id é o nosso depósito de instintos primitivos, sexuais e agressivos, sendo totalmente imparcial e ligado ao principio do prazer.
Ou seja, os instintos primitivos (comer, beber, que embora sejam muitas vezes conscientes dão um alivio consciente e inconsciente para nós), impulsos sexuais e impulsos agressivos são prazerosos. Lembrando, estou falando em um nível inconsciente.
Toda a vontade que temos (e não são poucas) de bater em alguém por simplesmente ter derrubado um refrigerante em nós, falado algo contra você ou contra quem gostamos são reprimidas pelo nosso Superego, que é a nossa absorção dos padrões e das normas proibitivas de nossos pais e pela sociedade. Parte dela é consciente (ou seja, sabemos o que podemos ou não fazer) outra é inconsciente (sabe aquela culpa que você não sabe da onde vem? Pois é, é do inconsciente)
O personagem Hulk (em sua forma clássica) é ligado ao principio do prazer, ao impulso agressivo, sem as barreiras de normas e padrões da sociedade e pessoal.
O ego é a função executiva, ele que media o que pode ou não aparecer nessa nossa realidade, ele que media o que podemos ou não fazer neste mundo exterior. Por exemplo: alguém fecha o seu carro no transito, o primeiro pensamento é de bater no sujeito (vontade do id, agressividade), mas pensando um pouco mais sobre a conduta a ser tomada (regras da sociedade, superego) muda de idéia e simplesmente conversa com o outro com calma e todos resolvem a situação de forma prática e satisfatória (ato exercido, ego).
A personagem Hulk tem várias fases em suas histórias nos quadrinhos. Surge como o monstro verde que quer apenas bater em quem cruzar seu caminho ou machucar aquele com quem tem sua relação física e emocional, ou como o cinzento Hulk que trapaceia com sua lábia querendo sempre ganhar mais e mais por outras pessoas (conhecido como Sr. Tira-Teima), ou o Hulk consciente onde tem sua força diminuída mas possui o intelecto de seu alter-ego, Bruce Banner (conhecido pelo nome de Professor).
Em todas as suas fases (e nos filmes e seriados de televisão) o que prevalece nele é o instinto de prazer. Sempre que se zanga fica forte e destrói tudo que encontra.
Hulk, o Mr Hyde aprimorado, o manifesto do ID, o manifesto do prazer agressivo.
Com ele vemos o que podemos causar a nossa sociedade se nos entregar totalmente a nossas vontades primárias. Afinal, por ser o Hulk, ele é caçado por todos no planeta e principalmente pelo exército liderado pelo General Ross (o que torna tudo isso muito mais interessante, pois o general é pai de Betty, a esposa de Bruce Banner, o Hulk).
Todos os indivíduos tem seus instintos, desejos e anseios, muitos reprimidos e recalcados por Leis impostas pela sociedade ou pelo que aprendeu com seus cuidadores (pais ou parentes), e quando encontram com alguém que pode manifestar todos os seus desejos temem e desejam ser esse alguém.
Eu acredito que podemos conviver de forma equilibrada com nossos desejos, mas sabendo onde e como manifestá-los, ou seriamos caçados pelos “caça-hulk” (unidade especialmente criada para caçar o Hulk).

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filme: A Cor Púrpura


O filme "A Cor Púrpura" é baseado no livro homônimo de Alice Walker. A produção do filme é de Quincy Jones (também responsável pela trilha sonora), Kathleen Kennedy, Frank Marshall e Steven Spielberg, este último também dirigiu o filme. No elenco estão Danny Glover, Whoopi Goldberg, Margaret Avery, Oprah Winfrey, Willard E. Pugh, Laurence Fishburne. Indicado a 11 Oscar's

Este filme (e o livro) conta a história de Celie (interpretada por Goldberg) que é violentada pelo pai logo no início da adolescência e após o parto é separada dos filhos. Doada a Mister (Danny Glover) ela passa a ser tratada como escrava e companheira dele. Quando as figuras de Shug Avery e Sofia (Margaret Avery e Oprah Winfrey, respectivamente) passama a integrar a vida de Celie uma luz de vida começa a brilhar em seu interior.


A análise é feita por Natália


O filme é comovente pelas relações parentais que se contrapõe, um pai tirano que comete incesto com uma das filhas Celie e desse incestuoso relacionamento nasce duas filhas que são separadas e privadas do convívio com a personagem principal.
As famílias como a do filme, marcadas com a violência, exige do profissional um árduo trabalho de clareza entre os seus limites e valores morais para compreender a dinâmica da família e após esse “olhar” desmistificar e desnaturalizar essas ações.
O filme se passa em 1906, época a qual as mulheres não tinham ainda o direito de escolha; a personagem Celie é tratada pelo marido como uma escrava e torna a repetir toda uma história de privação de sua personalidade e empobrecimento da sua auto-estima.
A violência domestica é velada em nossa atualidade, as mulheres tem voz mas por estereótipos enraizados em nossa sociedade essa “voz” de certa forma é calada. A cada quinze minutos uma mulher sofre uma violência doméstica velada.
Celie sofrerá uma das violências previstas por Lei Maria da Penha que caracteriza (a pouco tempo) a violência doméstica como crime, e essa violência é também psicológica, mais delicada de se provar, devido que sua marca não é expressa no corpo mas no subjetivo, ás vezes revelada na forma de queixas físicas a psicossomáticas.
Celie era marcada por uma baixa auto-estima, uma capacidade de tolerar extremas frustrações e seu modo de expressar suas dores e de escrever para sua irmã que fugiu das represálias do pai tirano.
Como essas mulheres marcadas com a violência encontram motivos para renunciar a essa vida velha e romper paradigmas enraizados? A psicoterapia sem uma visão ampla não dá conta das demandas psicossocias dessas mulheres, porém é uma parceria sistêmica e se faz necessário subsidiar essas mulheres demonstrando a mesma que tem como reconstruir essa história de novo de um outro modo.
Ressalto a relevância de trabalhar com o agressor que essa temática poderá se repetir em novo relacionamento quem é esse homem que agride a mulher ou quem é esse pai incestuoso?
Devemos não fechar os olhos para essa realidade, mas que possamos enxergar a cor púrpura diante desse problema que é a violência doméstica e sexual, buscar novos caminhos para que tanto a vítima como o agressor tenha chance de buscar novos caminhos.