quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filme: A Cor Púrpura


O filme "A Cor Púrpura" é baseado no livro homônimo de Alice Walker. A produção do filme é de Quincy Jones (também responsável pela trilha sonora), Kathleen Kennedy, Frank Marshall e Steven Spielberg, este último também dirigiu o filme. No elenco estão Danny Glover, Whoopi Goldberg, Margaret Avery, Oprah Winfrey, Willard E. Pugh, Laurence Fishburne. Indicado a 11 Oscar's

Este filme (e o livro) conta a história de Celie (interpretada por Goldberg) que é violentada pelo pai logo no início da adolescência e após o parto é separada dos filhos. Doada a Mister (Danny Glover) ela passa a ser tratada como escrava e companheira dele. Quando as figuras de Shug Avery e Sofia (Margaret Avery e Oprah Winfrey, respectivamente) passama a integrar a vida de Celie uma luz de vida começa a brilhar em seu interior.


A análise é feita por Natália


O filme é comovente pelas relações parentais que se contrapõe, um pai tirano que comete incesto com uma das filhas Celie e desse incestuoso relacionamento nasce duas filhas que são separadas e privadas do convívio com a personagem principal.
As famílias como a do filme, marcadas com a violência, exige do profissional um árduo trabalho de clareza entre os seus limites e valores morais para compreender a dinâmica da família e após esse “olhar” desmistificar e desnaturalizar essas ações.
O filme se passa em 1906, época a qual as mulheres não tinham ainda o direito de escolha; a personagem Celie é tratada pelo marido como uma escrava e torna a repetir toda uma história de privação de sua personalidade e empobrecimento da sua auto-estima.
A violência domestica é velada em nossa atualidade, as mulheres tem voz mas por estereótipos enraizados em nossa sociedade essa “voz” de certa forma é calada. A cada quinze minutos uma mulher sofre uma violência doméstica velada.
Celie sofrerá uma das violências previstas por Lei Maria da Penha que caracteriza (a pouco tempo) a violência doméstica como crime, e essa violência é também psicológica, mais delicada de se provar, devido que sua marca não é expressa no corpo mas no subjetivo, ás vezes revelada na forma de queixas físicas a psicossomáticas.
Celie era marcada por uma baixa auto-estima, uma capacidade de tolerar extremas frustrações e seu modo de expressar suas dores e de escrever para sua irmã que fugiu das represálias do pai tirano.
Como essas mulheres marcadas com a violência encontram motivos para renunciar a essa vida velha e romper paradigmas enraizados? A psicoterapia sem uma visão ampla não dá conta das demandas psicossocias dessas mulheres, porém é uma parceria sistêmica e se faz necessário subsidiar essas mulheres demonstrando a mesma que tem como reconstruir essa história de novo de um outro modo.
Ressalto a relevância de trabalhar com o agressor que essa temática poderá se repetir em novo relacionamento quem é esse homem que agride a mulher ou quem é esse pai incestuoso?
Devemos não fechar os olhos para essa realidade, mas que possamos enxergar a cor púrpura diante desse problema que é a violência doméstica e sexual, buscar novos caminhos para que tanto a vítima como o agressor tenha chance de buscar novos caminhos.

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