quarta-feira, 4 de março de 2009

Filme: Fim dos Tempos


Abaixo temos a análise do filme "Fim dos Tempos" de M. Night Shyamalan. este filme se passa em 2008 no nordeste dos E.U.A. onde mortes misteriosas começam a ocorrer e Elliot, Alma e Jess correm para salvar suas vidas do suicídio certo.

Segue a análise do filme feita pelo Leandro

O filme nos coloca na posição de observadores sobre os acontecimentos que envolvem a morte, fazendo refletir um pouco mais sobre o que a morte traz para cada um de nós.
O personagem Elliot, Alma e Jess lutam para preservar a vida, preservar a vida da morte iminente, trazendo para eles revelações nunca feitas antes, lutando para trazer algo bom no ambiente onde só viam a morte.
A situação entre Elliot e Alma no começo do filme é de um casamento que está acabando, se destruindo com o tempo. Com as mortes misteriosas, eles fogem do lugar que se encontram para preservar a vida e a relação existente entre eles, mostrando desta forma como a pulsão de vida e a pulsão de morte estão sempre interligadas.
A psicanálise nos revela que a pulsão de vida e a pulsão de morte estão sempre ligadas, trabalhando juntas, preservação e a destruição. Para nos sustentar fisicamente precisamos comer, mas para isso devemos destruir o alimento em nossa boca, criando o circulo de preservação e destruição.
É isso que acontece com Elliot e Alma. Elliot não aceita que o casamento pode acabar, por isso luta para preservá-lo mesmo diante de situações que o contradizem. Um homem carente que precisa de alguém ao lado dele, e que para isso se torna um líder para manter quem ele quer ao seu lado. Alma não aceita a condição de estar casada, deseja se isolar para manter a sua individualidade e tentar equilibrar sua ambivalência entre o desejo pessoal e a moral social.
Na corrida entre preservar a vida no meio do ambiente catastrófico que se encontram, o casal começa a revelar sentimentos, sensações e desejos que nunca comentaram entre si. Eles se reaproximam mais com o decorrer do tempo, no qual a morte se revela mais próxima. E uma morte vinda como suicídio, suicídio liberado por toxinas orgânicas vindas das plantas. No filme essas toxinas são espalhadas no ar através do vento.
Neste filme vemos que cada um morre por suicídio, e os personagens, ao meu entender, não querem isso, querem a vida, a vida como ela é, ou como eles a desejam ver, pois ao aceitarem qualquer presença de contaminação pela toxina, ou seja a destruição do relacionamento deles, eles se matariam. Mas diversas vezes é mostrado que eles estão no centro da “epidemia de suicídio”, como prefiro chamar, mas não são afetados. Na cena onde eles estão correndo pelo campo até chegar na casa de uma senhora, o vento sopra ao lado deles mas a toxinas não os atinge ou não reage neles.
Ao meu ver isso ocorre porque, de certa forma, eles estão imunes. Mesmo sabendo que a família, amigos e colegas que viviam ao lado deles estão mortos, eles não desanimam acreditam que podem se salvar, crendo que o companheirismo entre eles pode salvar cada um. Nas últimas cenas, as personagens Alma e Jess estão em um cômodo fechado e tem comunicação com a personagem Elliot, que está em outro cômodo fechado, através de um cano. Nessa cena ele diz que quer ficar ao lado delas, que se tem que morrer será ao lado daqueles que ama. Ao sair não acontece nada, ele não se mata, elas não se matam, nenhum dos três morre, pois utilizaram a destruição que aconteceu ao redor deles para manterem a relação entre eles viva, e criar uma nova relação com Jess, já que ela perdeu os pais que são amigos de Elliot, e a criação de uma nova vida, o filho que Alma e Elliot é gerado no final do filme.
As funções da pulsão de vida e pulsão de morte estiveram presentes no filme desde o inicio, assim como ocorre em nossas vidas. Devemos viver mesmo sabendo que para isso algo deve ser destruído, não necessariamente matando outro ser humano, mas a destruição de idéias, valores que nos destroem internamente impedindo-nos de manter uma vida particular e social saudável.

Termino citando Dalai Lamma: “No Tibete, costumamos dizer que muitas doenças podem ser curadas com a medicina do amor e da compaixão”.

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