Tabuleiro,
peças, um mundo fantástico, o nome do jogo: Jumanji! No filme o pequeno Alan
Parrish acha um baú onde esta um jogo, ele com sua amiga Sarah começam a jogar,
porém eles se surpreendem ao ver que aquilo que saia no jogo acontecia na “vida
real” e logo Alan ficou preso no jogo por sua amiga não jogar logo em seguida.
26 anos depois, duas crianças encontram o jogo e adicionam suas peças para
jogar até que percebem que eles precisam
dos outros jogadores. Resumindo o filme: muita aventura para crianças!
Mas agora eu venho com minha pergunta: Só no Jumanji as coisas acontecem? Não
vale dizer Zatura!
Essa aventura
acontece sempre que jogamos, o jogo muitas vezes nos oferece uma fuga desta
nossa vida real, mas na maioria das vezes nos ajuda a encarar a vida real.
Vamos pensar no
prática da ludoterapia. A primeira pratica registrada do método ludoterapico
dentro de uma sessão de psicanálise foi feita por Melanie Klein, onde utilizou
de sua criatividade para que pudesse criar um vinculo com seu paciente e
conseguir trabalhar com suas ansiedades, seus traumas. Com o passar do tempo
temos vários outros trabalhos voltados para a ludoterapia.
Dentro do filme
vemos o processo do jovem Alan de encarar a realidade, utilizando de suas
aventuras dentro de Jumanji e depois no futuro (ou seria tudo parte da
imaginação dele e de Sarah?).
Bom, para melhor
exemplificar o que quero dizer vou estragar um pouco a estória do filme (caso
alguém não tenha visto ainda). No começo do filme, Alan e Sarah são crianças
entrando na adolescência e estão começando a aprender a lidar com seus anseios,
libidos, traumas, bullying entre outros aspectos particulares de cada um. No
final do filme, ele vira dono e presidente da empresa de sapatos de seus pai e
se casa com Sarah.
Para poder
chegar numa posição de alto nível dentro da empresa ele teve que passar por
muitas experiências, enfrentar multidões (ou uma manada de elefantes, zebras,
girafas, rinocerontes), entender como lidar com sua sexualidade reprimida (no
sótão, onde estão as aranhas e leões), entender melhor o público consumidor de
seu produto (a garota mentirosa e o pequeno garoto-macaco) e, acima de tudo,
enfrentar o poder daquele que controla a empresa (floresta) do líder (caçador):
seu pai Sam Parish (ou o caçador Van Pelt).
De forma a
entender melhor sua vida, muitas vezes a criança (e também o adulto) precisa
primeiro fazer uma ponte entre seu mundo interior e o mundo exterior. Desta
forma, utilizando a fantasia existente nos jogos, ele pode ordenar seus sentimentos
contraditórios (do pai amado e bondoso do pai malvado e castrador –
pai/caçador), suas perspectivas sobre o mundo, sua sexualidade.
Afinal de
contas, todos nós precisamos, ao menos por um momento, de um jogo para poder
nos acalmar ou poder entender melhor determinada situação. Um dia precisamos
dos carrinhos pequenos e carros maiores para poder entender que crescer é bom,
saudável, porém sempre com risco.
Vamos encarar a
vida de forma mais prazerosa, que possamos jogar com e como crianças, que
possamos entender que com dois simples riscos podemos fazer um guarda-chuva!