terça-feira, 3 de novembro de 2009

Filme: Tá Chovendo Hambúrguer


O desenho "Tá Chovendo Hambúrguer" estreou este anos nos cinemas mundiais, com animação 3D. Este desenho conta a história do inventor Flint Lockwood, um cientista desacreditado por toda a cidade mas que revoluciona o mundo com a "máquina de chover comida". Filme baseado no livro de Judi Barrett e Ron Barrett "Cloudy with a Chance of Meatballs ".


Análise feita por Leandro

Ao ver este desenho no cinema com minha noiva vimos algo que foi relatado como uma diversão mas acontece na realidade: Preconceito!
Neste filme Flint Lockwood é uma criança com um sonho, ser cientista, um grande inventor, porém ele é rechaçado na escola por seu comportamento, por tentar entender as coisas, e por ser mais inteligente nas matérias acadêmicas.
Com isso vive isolado deles, a mãe o incentiva mas o pai não. Ele deixa o filho fazer as invenções, mas não acredita. Assim como a cidade inteira. A cidade respeitava e vivia apenas da propaganda de atum do pequeno bebê (que virou um homem já).
Neste contexto podemos ver o quanto as pessoas estão ligadas a essas imagens, representações sociais de cada um. Claro que nós fazemos essas representações para poder identificar, para nos adequar ao meio que estamos.
Mas como está sendo o nosso modo de enxergar o mundo? Pessoas inteligentes, que gostam de filmes “espaciais” ou de desenho animados devem ser excluídos? Tratados como uma pessoa sem qualquer importância na sociedade?
Flint consegue ser reconhecido como ágüem importante por fazer chover comida. Mas as pessoas, mesmo reconhecendo toda a inteligência de Flint, continuam a usurpá-lo, pedindo cada hora uma comida diferente para comer. Abusam dele e o fazem acreditar que somente assim poderá ter um lugar significante perante todos.
A personagem Sam Sparks não é diferente dele, porém quando era criança já muda seu comportamento. Ela gostaria de ser meteorologista, e por isso todos a chamam de “nerd”, como se isso fosse algo pejorativo, algo ruim. Ela decide mudar para não ser humilhada, deixa de lado os óculos (e passa a piorar sua visão, já que ela precisava deles para enxergar), muda roupa e começa a agir como se não entendesse das coisas, agir como “burra”.
Será que quem é inteligente precisa se disfarçar para que ninguém o reconheça como inteligente? Será que persistir nos sonhos de criança é errado?
Outro dia ouvi uma mãe dizer para seu filho “credo, ta parecendo nerd!”
Vou explicar o que é nerd. Nerd é uma pessoa que, em sua maioria, é inteligente nas matérias acadêmicas (sem ter que estudar demais para entende-las. Aqueles que estudam demais para uma matéria e ficam apenas estudando são os chamados CDF’s), muitas vezes tem um contato social precário, devido as chacotas que o envolvem, gostam de assuntos relacionados a ciência e ficção cientifica.
Analisando as características acima, existe algum motivo para serem excluídos? Serem motivos de piadas e excluídos só por isso? Existe motivo para uma mãe dizer ao filho “não seja nerd”?
Num país onde existe o discurso contra o preconceito racial, é permitido o preconceito contra alguma característica de gosto pessoal?
Isso vale para as nossas representações quantos aqueles que possuem algum déficit cognitivo ou físico. Quantas vezes não permitimos que alguém trabalhe em determinado cargo por que ele possuí dificuldade motora nos membros superiores (sendo um pouco mais claro, a pessoa tem dificuldade em movimentar os braços).
Nós devemos lutar para garantir que esses preconceitos não existam mais.
No filme todos passam a entender melhor Flint e Sam após eles salvarem o mundo da máquina que pifou, mas em nossa realidade será necessário um evento cataclísmico para que as diferenças acabem?
Lutemos e lutemos para que preconceitos caiam por terra, para assim chegarmos num ambiente de melhor convivência.

“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 1