quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cascata de Livros - Alicia Martín

Pela primeira vez falarei com vocês e para vocês a respeito do trabalho da artista plástica espanhola Alicia Martín. Ela é famosa por seus trabalhos com livros. Como disse, ela é uma artista plástica e não escritora, então ela utiliza os livros como forma de mostrar sua criatividade para o mundo. Vejam abaixo as algumas fotos de alguns trabalhos dela (em uma das fotos encontramos a própria Alicia Martín).






Confesso que quando vi as fotos da primeira vez vieram várias coisas em minha cabeça, como “quanto livro jogado fora”, “quantas árvores são usadas para se fazer um livro?” e “o que será que ela quis dizer?”
Em busca pela internet através de sua história, me deparei com uma entrevista dela onde perguntaram “você alcançou seu objetivo?” e ela respondeu “sim, vejo como muitas crianças e adultos olham para as obras e é despertado neles esse desejo de conhecer um pouco mais do mundo literário”. Isso é o que ela disse conscientemente.

Acredito, e vou deixar claro que esta é uma visão MINHA, que pode haver muitas interpretações a respeito dessa “cascata de livros”. Sigam o meu raciocínio:
Nossas atitudes são tomadas através de conceitos que temos. Esse conceitos vão sendo criados através de experiências pessoais e atos de repetição (afinal nossa aprendizagem vem muito disso, da repetição de atos e palavras que nos são ensinados. Lembrem-se que para falarmos “mamãe e papai” alguém ficou repetindo isso na nossa cara quando éramos crianças). Pensem em tantas ideias, lembranças, estórias e histórias que permeiam nossa cabeça (mente, cérebro, enfim ...) e nunca podemos expressar. Cada ideia poderia muito bem dar um livro de 500 páginas. Nossa cabeça sendo um quarto onde guardamos tantos livros que ficam presos nela. E nunca conseguimos dar vazão a elas devido a “n” motivos. E esse projeto mostra que ela, que todos nós, devemos criar.
Se olharmos em volta, veremos que muitas pessoas não sabem mais criar, e digo criar num aspecto amplo da palavra. No aspecto que Winnicott define como “expressão humana”, uma expressão que vai alem do criar e vai para o viver.
As pessoas se apegam a determinados fatos, a determinadas situações e não conseguem mais sair delas! Não conseguem interiorizar, aceitar, viver o que está acontecendo naquele momento, naquela situação, e vive de maneira triste e amarga, se arrastando, podendo vir a surgir uma depressão e tantos outros problemas psicológicos.
Mas quando se vive uma situação, seja ela fácil ou difícil, uma situação nova ou antiga, que conseguimos identificar a situação, aceita-la, vive-la, e através dela vemos um caminho para seguir e seguimos este caminho felizes, neste momento criamos!
Dar vazão a nossa humanidade, desejo, sentimentos, nos faz ver o que temos no momento, podemos ver através deste objeto ou situação que nos encontramos. Podemos vivenciar além dele, pois criamos com e para esse objeto/situação. Uma dificuldade ou até mesmo alguma rotina deve ser tratada como um momento de criação, pois é um momento e uma vivencia única na vida.
Temos na história humana diversos homens e mulheres que encontraram uma dificuldade em seu caminho, e através do conhecimento que tinham, através da experiência de vida que tinham, eles lutaram, criaram, e venceram a dificuldade. Vemos que uma das fotos para mais uma “perna de livros” que uma cascata. Vejam como podemos encarar isto de forma abstrata, um gigante pisando no seu problema.
Num post já publicado aqui no Arte no Divã, vemos o dia a dia de Mandela em poder conduzir uma nação racista e dividida para uma nação unida (melhores informações sobre o filme “Invictus” procure em nosso histórico). Mahatma Gandhi também criou ao enfrentar os ingleses, usou do conhecimento que tinha obtido na sua experiência fora da Índia para lutar a favor dos seus.
Eles usaram os conhecimentos obtidos em livros, experiências pessoais e profissionais, para pisar nos problemas como gigantes.
No “post” sobre “Contos de Fadas” também citamos a importância da leitura dos contos para as crianças, adolescentes, adultos e idosos. Como a leitura (ou o ouvir das histórias) podem nos ajudar a elaborar, a criar sobre, um determinado problema/situação.
Que possamos dar importância a nossa criatividade, que possamos dar importância aos nossos livros e filmes, que possamos dar importância as nossas experiências, pois são através delas todas que conseguimos viver melhor!

Termino com uma frase do casal Diana Lichenstein Corso e Mario Corso, autores dos livros “Fadas no Divã” e “A Psicanálise na Terra do Nunca”
“Uma mente mais rica possibilita que sejamos flexíveis emocionalmente, capazes de reagir adequadamente a situações difíceis, assim como criar soluções para nossos impasses”.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Filme: Gente Grande




O filme "Gente Grande" de 2010 tem direção de Dennis Dungan, roteiro de Adam Sandler e Fred Wolf. No elenco estão o próprio Adam Sandler (Lenny Feder), Salma Hayek (Roxane Feder), Kevin James (Eric), Cris Rock (Kurt), Rob Schneider (Rob), David Spade (Marcus). O filme narra o reencontro de cinco amigos de infância durante o enterro de seu antigo treinador de basquete no feriado de 4 de Julho (Independencia dos E.U.A.) e seus 4 dias de folga numa casa de campo.

A análise foi feita pela psicóloga Natália

Como velhos hábitos que foram deixados para trás, na medida em que temos a oportunidade de revivê-los vivemos esse evento com a mesma intensidade de antes, pois nosso inconsciente e consciente guarda esses momentos mágicos.
O filme mostra os personagens após trinta anos de separação se reencontrando na mesma trajetória, a perda do grande técnico que os ensinou e que transmitiu valores além do esporte, e a partir desse momento de luto revivem momentos mágicos da infância esquecida.
Essa infância esquecida é também revivida pelos seus filhos que não estão acostumados a lidar com a afetividade, a interação cara a cara.
Tecnologia nós trouxe a comodidade e facilidade, e como tudo na vida tem duas faces. Essas faces não se encontram, a tecnologia nos trouxe algo de bom, entretanto nos retirou a criatividade de viver de recriar e essas armadilhas nos levam a não tolerar frustrações e medos.
O filme em contrapartida ensina aquelas crianças a reviver esse lado da brincadeira, de saber jogar pedrinhas no rio, pular amarelinha, cantar, dançar, pular, essas são as expressões corporais para transmitir afeto, criatividade para tolerar as frustrações.
Aqueles adultos reviveram a infância e seus filhos e esposas também, mesmo que a infância de seus filhos estava em plena forma ela ainda não tinha acontecido de fato, e ambos puderam reviver essa aventura gostosa de ser criativo e curioso, para poder amadurecer melhor.
Winnicoot escreveu sobre a criatividade, o brincar como uma forma de criatividade e que na fase adulta esse espaço pode ser preenchido pelas experiências culturais.

Devemos ir à busca dessas experiências culturais e ir à busca do self é ir em busca do “ser”, e não na busca “de ter”. O “ser” é garantido, o “ter” é passageiro!

O filme aproxima você do “ser”, do reviver, repetir para elaborar, no feriado eles puderam repetir para elaborar as perdas, angústias, medos de adultos, mas com a criatividade de uma criança.

Busquemos a nossa experiência cultural.