domingo, 27 de setembro de 2009

Personagem: Hulk


O personagem Hulk foi criado por Stan Lee e Jack Kirb em 1962. Já foi adaptado para um seriado televisivo na década de 80 (onde Bill Bixby interpretava o Bruce Banner e Lou Ferrigno interpretava o Hulk) e para o cinema (no final dos anos 80 onde a dupla retornava com seus papéis, em 2003 onde Eric Bana interpretava o Dr. Banner, em 2008 no qual o Dr. Bruce Banner era interpretado por Edward Norton. Nos dois últimos o Hulk era feito por computação gráfica).

Na foto acima estão 4 "fases": Bruce Banner, Hulk Clássico (acima), Professor e Sr Tira-Teima (abaixo).


A análise é feita por Leandro.


“Hulk esmaga!” é a primeira frase que lembramos do famoso seriado de TV, dos gibis e dos filmes, talvez lembremos ainda de um homem pintado de verde e de roupas se rasgando (nunca a parte superior da calça), ou de uma computação gráfica baseada em rosto de atores, mas sempre lembramos do personagem, um homem que quando fica bravo cresce em tamanho e força, fica verde e grita “hulk esmaga”.
Stan Lee ao criar este personagem ele se baseou no livro de Robert Louis Stevenson (O médico e o monstro) mas não tinha idéia (ou pelo menos não estava em seu consciente) que na realidade ele inicialmente caracterizou o ID, mas com o tempo outros autores caracterizaram em suas histórias o EGO e o SUPEREGO no mesmo personagem.
Darei uma breve explicação sobre o ID, EGO e SUPEREGO.
O termo ID aparece pela primeira vez na segunda teoria de Freud sobre as instancias da mente, onde também é apresentado (ou caracterizado) o ego e o superego. O Id é o nosso depósito de instintos primitivos, sexuais e agressivos, sendo totalmente imparcial e ligado ao principio do prazer.
Ou seja, os instintos primitivos (comer, beber, que embora sejam muitas vezes conscientes dão um alivio consciente e inconsciente para nós), impulsos sexuais e impulsos agressivos são prazerosos. Lembrando, estou falando em um nível inconsciente.
Toda a vontade que temos (e não são poucas) de bater em alguém por simplesmente ter derrubado um refrigerante em nós, falado algo contra você ou contra quem gostamos são reprimidas pelo nosso Superego, que é a nossa absorção dos padrões e das normas proibitivas de nossos pais e pela sociedade. Parte dela é consciente (ou seja, sabemos o que podemos ou não fazer) outra é inconsciente (sabe aquela culpa que você não sabe da onde vem? Pois é, é do inconsciente)
O personagem Hulk (em sua forma clássica) é ligado ao principio do prazer, ao impulso agressivo, sem as barreiras de normas e padrões da sociedade e pessoal.
O ego é a função executiva, ele que media o que pode ou não aparecer nessa nossa realidade, ele que media o que podemos ou não fazer neste mundo exterior. Por exemplo: alguém fecha o seu carro no transito, o primeiro pensamento é de bater no sujeito (vontade do id, agressividade), mas pensando um pouco mais sobre a conduta a ser tomada (regras da sociedade, superego) muda de idéia e simplesmente conversa com o outro com calma e todos resolvem a situação de forma prática e satisfatória (ato exercido, ego).
A personagem Hulk tem várias fases em suas histórias nos quadrinhos. Surge como o monstro verde que quer apenas bater em quem cruzar seu caminho ou machucar aquele com quem tem sua relação física e emocional, ou como o cinzento Hulk que trapaceia com sua lábia querendo sempre ganhar mais e mais por outras pessoas (conhecido como Sr. Tira-Teima), ou o Hulk consciente onde tem sua força diminuída mas possui o intelecto de seu alter-ego, Bruce Banner (conhecido pelo nome de Professor).
Em todas as suas fases (e nos filmes e seriados de televisão) o que prevalece nele é o instinto de prazer. Sempre que se zanga fica forte e destrói tudo que encontra.
Hulk, o Mr Hyde aprimorado, o manifesto do ID, o manifesto do prazer agressivo.
Com ele vemos o que podemos causar a nossa sociedade se nos entregar totalmente a nossas vontades primárias. Afinal, por ser o Hulk, ele é caçado por todos no planeta e principalmente pelo exército liderado pelo General Ross (o que torna tudo isso muito mais interessante, pois o general é pai de Betty, a esposa de Bruce Banner, o Hulk).
Todos os indivíduos tem seus instintos, desejos e anseios, muitos reprimidos e recalcados por Leis impostas pela sociedade ou pelo que aprendeu com seus cuidadores (pais ou parentes), e quando encontram com alguém que pode manifestar todos os seus desejos temem e desejam ser esse alguém.
Eu acredito que podemos conviver de forma equilibrada com nossos desejos, mas sabendo onde e como manifestá-los, ou seriamos caçados pelos “caça-hulk” (unidade especialmente criada para caçar o Hulk).

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Filme: A Cor Púrpura


O filme "A Cor Púrpura" é baseado no livro homônimo de Alice Walker. A produção do filme é de Quincy Jones (também responsável pela trilha sonora), Kathleen Kennedy, Frank Marshall e Steven Spielberg, este último também dirigiu o filme. No elenco estão Danny Glover, Whoopi Goldberg, Margaret Avery, Oprah Winfrey, Willard E. Pugh, Laurence Fishburne. Indicado a 11 Oscar's

Este filme (e o livro) conta a história de Celie (interpretada por Goldberg) que é violentada pelo pai logo no início da adolescência e após o parto é separada dos filhos. Doada a Mister (Danny Glover) ela passa a ser tratada como escrava e companheira dele. Quando as figuras de Shug Avery e Sofia (Margaret Avery e Oprah Winfrey, respectivamente) passama a integrar a vida de Celie uma luz de vida começa a brilhar em seu interior.


A análise é feita por Natália


O filme é comovente pelas relações parentais que se contrapõe, um pai tirano que comete incesto com uma das filhas Celie e desse incestuoso relacionamento nasce duas filhas que são separadas e privadas do convívio com a personagem principal.
As famílias como a do filme, marcadas com a violência, exige do profissional um árduo trabalho de clareza entre os seus limites e valores morais para compreender a dinâmica da família e após esse “olhar” desmistificar e desnaturalizar essas ações.
O filme se passa em 1906, época a qual as mulheres não tinham ainda o direito de escolha; a personagem Celie é tratada pelo marido como uma escrava e torna a repetir toda uma história de privação de sua personalidade e empobrecimento da sua auto-estima.
A violência domestica é velada em nossa atualidade, as mulheres tem voz mas por estereótipos enraizados em nossa sociedade essa “voz” de certa forma é calada. A cada quinze minutos uma mulher sofre uma violência doméstica velada.
Celie sofrerá uma das violências previstas por Lei Maria da Penha que caracteriza (a pouco tempo) a violência doméstica como crime, e essa violência é também psicológica, mais delicada de se provar, devido que sua marca não é expressa no corpo mas no subjetivo, ás vezes revelada na forma de queixas físicas a psicossomáticas.
Celie era marcada por uma baixa auto-estima, uma capacidade de tolerar extremas frustrações e seu modo de expressar suas dores e de escrever para sua irmã que fugiu das represálias do pai tirano.
Como essas mulheres marcadas com a violência encontram motivos para renunciar a essa vida velha e romper paradigmas enraizados? A psicoterapia sem uma visão ampla não dá conta das demandas psicossocias dessas mulheres, porém é uma parceria sistêmica e se faz necessário subsidiar essas mulheres demonstrando a mesma que tem como reconstruir essa história de novo de um outro modo.
Ressalto a relevância de trabalhar com o agressor que essa temática poderá se repetir em novo relacionamento quem é esse homem que agride a mulher ou quem é esse pai incestuoso?
Devemos não fechar os olhos para essa realidade, mas que possamos enxergar a cor púrpura diante desse problema que é a violência doméstica e sexual, buscar novos caminhos para que tanto a vítima como o agressor tenha chance de buscar novos caminhos.