domingo, 28 de junho de 2009

Personagens: Fênix




Esse ser mitólogico povoa a literatura mundial. Na análise são citadas três personagens: Jean Grey, criada por Stan Lee e Jack Kirby para as histórias dos X-Men; Caveliro de Fênix Ikki, criado por Masami Kurumada para o manga Cavaleiros do Zodíaco; por fim Fawkes, criada por J. K. Rowling para as histórias de Harry Potter.




A análise é feita por Leandro.





Imortalidade! É a primeira palavra que vem a mente quando falamos da ave mitológica Fênix. Ela existe na mitologia grega e egípcia e é retratada como uma ave com grande força, que poderia carregar até um elefante em suas garras, e que quando estava prestes a morrer acendia um pira para queimar e renascer de suas cinzas.
Com esta característica de nunca morrer e ser muito forte, nas histórias em quadrinhos e nas mais diversas literaturas, a fênix sempre aparece como algo ou alguém que nunca morrer.
Nas histórias de X-Men temos a personagem Jean Grey que utiliza o codinome de Fênix. A própria personagem morreu (enquanto utilizava o codinome de Garota Marvel) e depois renasceu como Fênix, onde passou por crises de identidade (no arco de histórias Fênix Negra), morreu e ressuscitou novamente.
Em outra série Fênix volta a aparecer, nas histórias de Cavaleiros do Zodíaco Ikki assume a armadura de Fênix. Ele é o personagem que aparece para enfrentar o inimigo mais forte, que nenhum dos outros cavaleiros de bronze consegue enfrentar. E depois de derrotar o inimigo ele volta para uma caverna num vulcão para recuperar a armadura e seus poderes. Embora ele aparece para ajudá-los, Ikki mudou a personalidade no começo da história. Ele era o irmão bonzinho que sempre defendia o irmão mais novo, Shun, e após ir para a Ilha da Rainha da Morte muda radicalmente e volta querendo destruir os demais cavaleiros. Depois de ser derrotado ele retorna para o vulcão e descansa, e retorna mais uma vez mudado, ajudando quando quer e achar necessário.
E temos ainda a Fênix Fawkes na série de livros Harry Potter. Fawkes é a ave de estimação de Dumbledore que o transporta para fora de Hogwarts durante uma perseguição, cura Harry e Gina através de suas lágrimas, entrega uma espada a Harry, mas uma parte muito interessante é quando Harry vê Fawkes pela primeira vez. Ela estava no seu ninho, emite um som e pega fogo, logo depois nasce do meio das cinzas uma pequena ave chorando.
Notem que em todas as descrições sobre a personagem Fênix, seja em qual for o contexto, falam de uma mudança de comportamento da personagem. Ela indica uma mudança e uma mudança sofrida, pois a cada vez que a personagem aparece ele morre e depois ressuscita. Morre queimada.
Vamos lembrar que durante a Idade Média pessoas eram queimadas em fogueira enquanto ainda estavam vivas, os relatos da época falam em extrema agonia durante a morte.
Isso indica que para que nós possamos mudar temos que passar por um período de sofrimento intenso. Não há mudança sem o sofrimento.
Wellington Nogueia, fundador do Doutores da Alegria, disse numa palestra “nós morremos muitas vezes, mas de corpo presente uma só”. Isso nos leva a comparação de que cada vez que precisamos fazer algo precisamos matar a vontade de fazer o que é contrário daquilo. Quando queremos fazer uma dieta temos que matar a vontade de comer um hambúrguer comendo uma salada. Para sermos mais humildes devemos matar em nós o orgulho. E isso não é fácil.
Sempre que erramos ganhamos uma oportunidade para acertar, ganhamos a chance de ressuscitar. Mas de forma dolorosa, pois devemos aceitar que erramos para podermos acertar.
Essa mudança dolorosa fará com que sejamos imortais perante os nossos conhecidos graças ao imenso esforço de suportar os sofrimentos para concluirmos essa mudança, essa ressurreição.
Existe uma frase do século XV que diz “o homem que não é perfeitamente mortificado em si, bem depressa é tentado e vencido em coisas pequenas e vis”. Essa frase nos mostra que para vencermos pequenos e grandes desafios precisamos nos modificar, o que causaria dor, mas nos levaria a vitória.
Quem aprende mais sobre si, sobre seu sofrimento, sobre como suportar cada barreira e ressuscitar diante da derrota e da dificuldade, aprenderá como sair vitorioso desta grande aventura chamada vida

terça-feira, 23 de junho de 2009

Filme: A mulher Invisível


O filme "A Mulher Invisível" é estrelado por Selton Mello e Luana Piovani. Nele Pedro, personagem de Selton Mello, é abandonado pela esposa. Ele cai em depressão e se tranca em casa, o amigo Carlos (Vladimir Brichta) tenta ajuda-lo mas não consegue, sua vizinha Vitória (Maria Manoella) acompanha sua degradação da cozinha de sua casa. Pedro fica em depressão até que Amanda (Luana Piovani) bate em sua porta, e cuida dele sendo uma mulher perfeita. Ela consegue reerguer Pedro, mas ele descobre que Amanda é invisível. Uma comédia nacional espetacular, mais uma obra prima brasileira.


A análise abaixo é feita pela Natália.



De perto ninguém é normal, já dizia Caetano Veloso. Este filme demonstra com extrema sutileza e descontração essa frase.
Como uma forma espontânea, a personagem Pedro mostra que ao enfrentar uma situação de separação amorosa nos deparamos com a castração do nosso desejo, algo tão terrível para qualquer ser humano.
A “dor” de perder um amor ou ser libidinal a qual investimos parte do nosso ego é grande, pois na verdade nos apaixonamos por nós mesmos investindo no outro o que há de melhor em nós. Podemos comparar essa força libidinal com um trem sem maquinista, que segue com toda sua força correndo para fora dos trilhos.
A força libidinal não combina com o não e nem com a famosa “dor de cotovelo”. A dor de cotovelo é uma afronta ao nosso estado de agitação permanente, seria como se o seu trem sem maquinista e com força total ganhasse um maquinista, mas ele não é você nem o ser investido, enfim perdemos o controle do trem novamente.
O filme retrata com maestria que o personagem principal “cria” uma namorada, a mulher perfeita, a Amanda. Uma mulher disponível em sua mente que só vem a tona após Pedro passar um tempo de reclusão, devido a separação matrimonial. Ela vem para retira-lo de seu estado de torpor.
A sua criação, ou mecanismo de defesa, vem de encontro com a sua baixa tolerância a frustração. Criar um personagem para enfrentar a solidão para poder ir ao cinema, a boate, sem estar sozinho.
Ao ser confrontado com a realidade, Pedro “cai em si” e busca permanecer sóbrio diante da vida, e encontra a vizinha real que é apaixonada por ele.
Não queremos lidar com o nosso ego despedaçado com as nossas dores e angustias existenciais, lidar com a realidade e com as alegrias e tristezas, lidar com as perdas libidinais não é fácil. Investimos no outro fragmentos de nós mesmos, nossos pensamentos e emoções.
São pessoas enlutadas de amor que compõe os mais lindos poemas, músicas e obras literárias. E Pedro, utiliza dessa dor, desse luto para escrever livros, poemas e acaba se tornando um escritor de sucesso no filme.
Atualmente procuramos alivio imediato para as nossas dores com medicamentos, não que não sejam necessários, mas cria em nós um imediatismo para cessar certas dores. Mas para a dor do amor não há remédio. Dor existencial não tem remédio.
Para superá-la é preciso lutar, superar e seguir em frente, tendo a dor como aprendizado e não como ancora. É preciso lidar com a dor de amar.

Finalizo com a música de Beth Carvalho
“Como dói a dor de amar
Quem se desencanta sabe o que é chorar
Esse mundo não tem professor
Para a matéria do amor ensinar
Nem tão pouco se encontra Doutor
Dor de Amor é difícil de curar”

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Filme: A Vida é Bela


"A Vida é Bela", escrito, dirigido por Roberto Benigni ganhou 3 Oscar's: Melhor ator (Roberto Benigni), Melhor filme estrangeiro e Melhor Trilha Sonora em Drama. Este filme se passa em 1940 na Itália, onde Guido (Roberto Benigni) é levado para um campo de concentração nazista e tem que usar sua imaginação para fazer seu pequeno filho acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência do regime Nazista.


Análise realizada por Leandro


Este filme relata a história de uma família que é presa pelos nazistas durante a segunda guerra, mas é centrado na relação de Guido e seu filho Giosué durante o tempo de cárcere.
No começo do filme, porém, não é relatado o terror dos campos de concentração, mas mostra como Guido cuida de sua família, seu tio, seus amigos, sua mulher e filho. Guido mostra sua criatividade quando poderia achar que não tem mais chance de nada.
Guido utiliza um cavalo que foi pintado por nazista com os dizeres “porco judeu” para conquistar sua amada (ele chega com o cavalo na festa de noivado dela), faz uso da criatividade para conseguir um emprego, e em outra parte para mostrar como alguém sem recursos pode ter uma vida com privilégios, a alegria.
Com o filho já crescido Guido brinca com a situação da prisão, ele diz para o filho “Isso tudo é um jogo! Quem marcar mais pontos ganhará um premio, um tanque de guerra!” e para não desesperar o filho, para que Giosué não percebesse as monstruosidades cometidas naquele campo, envolve todos os prisioneiros para que o filho possa pensar que tudo aquilo é uma brincadeira.
Guido sabia do que as terríveis imagens que o campo de concentração poderia provocar no filho. Ele mesmo agradece que o filho estivesse dormindo quando encontra um pequeno monte formado por corpos humanos.
Existe um dito popular que diz “é brincando que se aprende”, e na brincadeira Guido fez o filho dele aprender como se comportar naquelas situações de perigo. Brincando ele ensinou ao filho como sobreviver a guerra.
Guido transforma todo o medo, terror, desespero que sentia naquele campo de concentração em força de sobrevivência, o “instinto paterno” dele precisava salvar o filho, precisa fazer com que ele tivesse uma chance de sair de lá sem levar grandes traumas da guerra.
E consegue. Consegue fazer com que o filho se esconda e como premio encontre o tão esperado tanque de guerra.
Guido salva uma parte de si naquele garoto, salva a inocência, a pureza de suas brincadeiras, o amor por Dora. Mesmo não podendo salvar a si próprio ele conseguiu fazer o milagre de salvar aqueles que mais ama, o filho e a mulher.
Em outro momento do filme, Guido tenta dar um sinal para a mulher que estão bem. Ele consegue no mega fone do campo colocar a música de quando se conheceram, e ela começa a ouvir e cria força, ela demonstra ganhar uma nova energia ao perceber que as pessoas nas quais tinha investido tanto tempo, trabalho, suor, estavam vivos.
Muitos trabalhos científicos, livros, filmes, mostram que no momento de sobrevivência o que conta é salvar a própria pele, mas este filme demonstra que o instinto de sobrevivência trabalhando com o amor pelos seus familiares pode salvar não apenas a si próprio, como pode salvar um mundo, o mundo de uma criança.