quarta-feira, 1 de abril de 2009

HQ: Arlequina


Arlequina é uma personagem criada por Paul Dini e Bruce Timm para o desenho animado do Batman em 1992, com a popularidade da personagem, logo ela estreou nos quadrinhos. A personagem é uma ex-psiquiatra do manicômio judiciário Asilo Arkham, criminosa companheira do vilão coringa.


A análise foi feita por Leandro



Harleen Quinzel é uma psiquiatra que trabalha no Asilo Arkham, que é um manicômio judiciário, na cidade de Gotham. Lá ela trata de diversos pacientes, como o Charada, Hera Venenosa, Duas-Caras, incluindo o Coringa. Nas sessões que decorreram, a Psiquiatra acaba apaixonando-se pelo Coringa e para agrada-lo (e liberta-lo do manicômio) ela assume a identidade de Arlequina e começa acometer crimes junto com seu amado vilão, o Coringa.
Isso nos remete a duas funções básicas da teoria psicanalítica, a Transferência e a Contratransferência.
A Transferência seria o deslocamento de sentimentos positivos ou negativos inconscientes do paciente para o terapeuta/analista.
A Contratransferência é o conjunto de reações inconsciente do terapeuta/analista à pessoa do paciente e sua transferência.
Esses mecanismos são básicos para o andamento da terapia psicanalítica. Esses mecanismos ajudam o paciente na relação com a cura, ou sua busca pela cura, de determinado transtorno. Mas se não for bem trabalhada essa transferência na análise, isso pode ocasionar em alguma obsessão do paciente para o analista. Claro que traços dessa obsessão já poderiam serem identificados durante as sessões.
E a contratransferência? Se o analista não souber trabalha-la, poderá prejudicar a vida do paciente.
Vejamos o caso de Harllen Quinzel nas história do Batman. Ela é psiquiatra e começa a tratar detentos do manicômio judiciário Asilo Arkham. Ela trata todos com ética, mas ao tratar do Coringa, algo acontece. O Coringa começa a trazer presentes para a psiquiatra. Nas histórias, Harleen “vive” apenas para o Arkham. Trabalha e estuda no próprio Asilo, lá faz seus experimentos. Não sai, não possui relações sociais fora do trabalho, assim o Coringa acaba conquistando-a com seu charme.
Ouvi um comentário sobre essa história uma vez que dizia “Como uma pessoa em sã consciência pode se apaixonar por um serial-killer como o Coringa?” E eu pensei “Ela realmente está, no que possamos dizer, em sã consciência?”. Sentimentos sentidos pelos pais dela acabam sendo projetados no Coringa, que nas ultimas sessões acaba assumindo uma posição de analista de Harllen. Com esses sentimentos, Harllen acaba assumindo outra identidade, a Arlequina. Onde a antiga Harleen Quinzel deixou de existir para dar lugar à Arlequina.
Vejamos como foi o trabalho de Harllen, nas ultimas sessões o paciente começou à trata-la! A analista não teve um apoio de psicoterapias individuais para dar suporte emocional no trabalho, não teve apoio profissional durante seu trabalho no Arkham, como nos mostra as histórias. Não pode viver uma vida “normal” para poder tratar das pessoas que precisavam da ajuda dela.
As histórias em quadrinhos do Batman, nesta personagem, nos mostra o quão importante é a nossa relação social fora do trabalho, do estudo ou da própria casa. Como é importante desviarmos nossa atenção do dia-a-dia em outras coisas. Nos mostra a importância da supervisão em casos clínicos, na terapia pessoal nos profissionais da saúde.
Se a Contratransferência não for trabalha, vemos neste caso o perigo que pode representar, a perda do antigo eu para um novo. Uma patologia gravíssima, que poderia ser tratada caso fosse apresentado o suporte. Infelizmente neste caso o único suporte existente foi o do vilão Coringa.
Se Harleen tivesse feito a terapia anteriormente, ela teria se tornado a Arlequina? Se ela tivesse encontrado um analista experiente que pudesse trabalhar essas transferências, ela teria desenvolvido essa patologia? Ela teria continuado o trabalho como psiquiatra?
Isso nos remete a nossa realidade. Podemos continuar o nosso trabalho se nosso emocional estiver abalado?
Harleen Quinzel nos deixou uma dica. Procurar nos manter saudáveis para não adoecermos de forma a machucar os outros.



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